Câmara apoia oferta obrigatória de aulas de espanhol em escolas públicas gaúchas

por Luís Francisco Caselani última modificação 19/06/2018 00h34
18/06/2018 – Os vereadores hamburguenses aprovaram por unanimidade nesta segunda-feira, 18 de junho, moção de apoio ao Projeto de Emenda à Constituição do Estado nº 270/2018, elaborado pela deputada Juliana Brizola e endossado por outros 36 parlamentares, que obriga escolas públicas de ensino fundamental e médio do Rio Grande do Sul a manterem disciplina de língua espanhola. A moção foi proposta pelo vereador Enio Brizola (PT), que entende o PEC como uma forma de retomar as aulas, que chegaram a ser obrigatórias para o ensino médio brasileiro até 2015, ao menos em um estado de forte integração com a cultura espanhola e que faz fronteira com dois países hispanófonos.

Enio Brizola lembra que, após o Tratado de Assunção de 1991, que definiu português e espanhol como os idiomas oficiais do Mercosul, “houve intenso investimento governamental na criação de novas licenciaturas de língua espanhola pelo Brasil”, uma das tentativas de aproximar o Brasil de seus países vizinhos. O PEC nº 270/2018 estabelece que a oferta do ensino da língua espanhola seja obrigatória para as escolas, mas optativa para os alunos.

A manutenção do ensino do idioma é de suma importância para o desenvolvimento humano e profissional das pessoas, em especial nas suas relações. O projeto que repor algo que era tradicional no nosso Estado”, defendeu Brizola. Raul Cassel (MDB) parabenizou o colega, mas destacou a incapacidade da rede estadual em fornecer um estudo de línguas de qualidade. “Cumpre-se algumas horas de língua estrangeira, pautada no inglês, mas é muito pouco. Reconheço a iniciativa da deputada em função da nossa localização geográfica, mas gostaria de ressaltar que o ensino está muito fraco”, revelou.

Issur Koch (PP) lamentou a insuficiência das escolas públicas em garantir um aprendizado eficaz em todas as áreas. “O papel do professor, em algumas situações, é apenas oportunizar. Infelizmente, no caso do ensino de línguas, ainda dependemos muito do esforço do aluno”, sintetizou. O parlamentar ainda traçou um paralelo com a educação física, na qual identifica que a falta de equipamentos e aparelhos adequados impede a formação de futuros atletas. “Se não equiparmos as escolas públicas, seja para idiomas ou para outros esportes além de futebol, por exemplo, não conseguiremos formar alunos capacitados. Mas precisamos garantir, ao menos, a oportunidade de aprender”, complementou.

O vereador Gerson Peteffi (MDB) concordou com seus colegas, mas resgatou sua vida estudantil para pontuar que nem sempre o ensino público foi deficitário. “Tive a felicidade de ter professores que trouxeram luzes a este vereador, que permitiram que eu conseguisse me expressar de forma bem razoável na língua inglesa apenas com os aprendizados da rede estadual. Além disso, ainda tínhamos as disciplinas de francês e alemão”, relembrou.

Cópias da Moção nº 14/2018 serão encaminhadas ao presidente da Assembleia Legislativa, Marlon Santos, ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Parlamento gaúcho, Vilmar Zanchin, e ao gabinete da deputada Juliana Brizola.

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.