Aprovado empréstimo de R$ 20 milhões para construção de adutora em Canudos

por Daniele Silva última modificação 10/12/2025 20h27
10/12/2025 – A Câmara de Novo Hamburgo aprovou por 7 votos a 4 nesta quarta-feira, 10, projeto de lei que autoriza o Executivo a contratar empréstimo junto à Caixa Econômica Federal no valor de até R$ 20 milhões. A operação de crédito é vinculada ao novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O objetivo da Prefeitura é utilizar o recurso na implantação de uma adutora no bairro Canudos, ampliando a capacidade de abastecimento de água na região. A matéria retorna à pauta na próxima segunda, 15, em votação final.
Aprovado empréstimo de R$ 20 milhões para construção de adutora em Canudos

Foto: Comusa/divulgação

De acordo com o Executivo, a nova adutora, com 60 centímetros de diâmetro, conseguirá transportar até 374 litros por segundo. Isso é quase três vezes e meia a capacidade da tubulação atual. “A adutora que abastece a região, construída em outra realidade urbana, já opera acima de sua capacidade. Ela foi projetada para transportar 108 litros por segundo, mas hoje precisa atender a uma demanda de 259 litros, o que provoca pressão excessiva, aumento de rompimentos, instabilidade no fornecimento e altos custos operacionais”, informa o prefeito Gustavo Finck.

 “A implantação de uma nova adutora demonstra-se essencial, de modo a assegurar o atendimento com segurança da demanda atual e das necessidades de crescimento pelos próximos anos, garantindo estabilidade e confiabilidade ao sistema”, prossegue a justificativa. Conforme o documento, a tubulação permitiria, por exemplo, o fornecimento de água às cerca de 1,2 mil unidades habitacionais que estão sendo construídas com recursos da própria Caixa Econômica Federal para o reassentamento de famílias afetadas pela enchente.

Antes da votação, o diretor técnico da autarquia, Neri Chilanti, usou a tribuna para explicar o projeto da adutora de Canudos, que, segundo ele, tramita desde 2023 junto à Caixa. Conforme o diretor, um dos principais benefícios será a economia de energia, pois não será mais necessário realizar o bombeamento de água até a região de Canudos.

De acordo com a proposição, a implantação da adutora ampliará o número de imóveis abastecidos. A proposta também prevê a substituição da rede atual, construída na década de 1970 em fibrocimento, material que está ultrapassado e apresenta rompimentos frequentes.

Chilanti explicou ainda que, ao assumir, a atual gestão firmou o compromisso de concluir obras já iniciadas. Algumas delas, como a ETE Luís Rau, tiveram valores subdimensionados e devem custar cerca de R$ 8 milhões a mais do que o previsto. Ele afirmou também que os recursos oriundos do PAC contam com juros baixos. O projeto prevê ainda a construção e a reforma de reservatórios. “Temos cerca de 150 km de rede para substituir, e todo financiamento é necessário para que possamos deixar todas as instalações prontas para os próximos 40 anos”, finalizou.

Como foi a votação em plenário*:

- Votaram a favor (7): Eliton Ávila (Podemos), Giovani Caju (PP), Ico Heming (Podemos), Ito Luciano (Podemos), Juliano Souto (PL), Nor Boeno (MDB) e Ricardo Ritter – Ica (MDB)

- Votou contra (4): Deza Guerreiro (PP), Enio Brizola (PT), Professora Luciana Martins (PT) e Joelson de Araújo (Republicanos).

* A presidente interina Daia Hanich (MDB) votaria apenas em caso de empate. Em representação, Cristiano Coller (PP) não participou da sessão, bem como o vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB), por motivo de saúde.

Manifestação dos vereadores

Joelson de Araújo (Republicanos) considerou o projeto polêmico, uma vez que a autarquia recentemente investiu R$ 1 milhão no Natal de Novo Hamburgo e tinha a intenção de patrocinar o Esporte Clube Novo Hamburgo. Contrário à proposta, afirmou que quem acaba pagando a conta é sempre a população.

Professora Luciana Martins (PT) concordou com a necessidade de investimento na Comusa, mas lembrou que, no mês de fevereiro, o diretor-presidente Paulo Kopschina esteve na Câmara e aventou a possibilidade de privatizar a autarquia. “Meu voto é contrário não porque não entenda a necessidade de investir, mas tenho dificuldade de entender quais as proposições futuras para a autarquia. A Comusa é patrimônio da cidade de Novo Hamburgo, e a água é direito de todos.”

Enio Brizola (PT) declarou que uma das melhores iniciativas de administrações anteriores foi a municipalização da água, mas avaliou que, ultimamente, isso tem saído caro para a população. “Primeiro, em 2018, com o fim das tarifas sociais para os condomínios, o que gerou um passivo gigante. Depois, as adutoras nos bairros, que são necessárias, mas promoveram um acréscimo de cerca de 70% na conta de água.” O vereador também defendeu a manutenção da Comusa como empresa pública.

Eliton Ávila (Podemos) reivindicou investimentos em diversas áreas e firmou compromisso de não votar favoravelmente a qualquer proposta de privatização da Comusa. “Defendo as questões comunitárias. Meu voto é favorável a este projeto em defesa daqueles que sofrem constantemente com a falta de água”, afirmou.

Deza Guerreiro (PP) anunciou voto contrário, alegando a necessidade de compreender melhor as questões técnicas apresentadas no projeto. Embora tenha defendido a realização do Natal, enfatizou que alguns investimentos devem ser tratados como prioridade.

Para o líder de governo, Giovani Caju (PP), os R$ 20 milhões garantirão respaldo para a Comusa atuar nos próximos meses.

Morador de Canudos, Ricardo Ritter – Ica (MDB) afirmou ser acionado com frequência devido à falta de água no bairro. “Não podemos esperar sucatear toda a rede para depois pensar em trocá-la.” Ele também comentou sobre a necessidade de substituir a tubulação, grande parte ainda feita de fibrocimento, material prejudicial à saúde. 

Garantia

O Projeto de Lei nº 103/2025 autoriza a Prefeitura a oferecer como garantia pelo empréstimo valores decorrentes da repartição de impostos estaduais e federais. “O abastecimento de água é um serviço essencial e um direito fundamental. No bairro Canudos, que concentra um dos maiores índices de crescimento populacional de Novo Hamburgo, esse direito está sob risco. A implantação da adutora transcende a mera ampliação da capacidade de fornecimento de água, configurando-se como um investimento estratégico com impactos multissetoriais e benefícios duradouros para toda a comunidade”, defende Finck.

Para o prefeito, a melhoria repercute em áreas como saúde, qualidade de vida, bem-estar social e desenvolvimento econômico. “Empresas e indústrias necessitam de acesso confiável à água para suas operações, e a garantia desse recurso pode atrair novos investimentos para o município, gerando empregos e renda. A valorização imobiliária das áreas beneficiadas pela nova adutora é também um desdobramento natural, impulsionando o mercado local e o desenvolvimento urbano ordenado”, conclui o autor do PL. 

A aprovação em primeiro turno

Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.