Aprovada Política Municipal de Enfrentamento à Doença de Alzheimer e outras demências

por Maíra Kiefer última modificação 01/09/2020 01h48
31/08/2020 - A deterioração das funções cerebrais, com as consequentes perdas de memória, da linguagem e da capacidade de cuidar de si, é o principal efeito em quem é acometido pela doença de Alzheimer. Contudo, ela não é a única enfermidade que deixa esse rastro de perdas cognitivas e sociais. A falta de cura e de um tratamento eficaz exigem a construção de estratégias de enfrentamento visto que o número crescente de casos gera impactos na sociedade e no sistema de saúde. Com base nessa preocupação, o Plenário aprovou nesta segunda, dia 31, proposta que cria uma política municipal de enfrentamento à doença de Alzheimer e outras demências, de autoria do vereador Enio Brizola (PT).
Aprovada Política Municipal de Enfrentamento à Doença de Alzheimer e outras demências

Foto: Tatiane Lopes/CMNH

O proponente da matéria explicou que a iniciativa foi feita em parceria com o médico geriatra Leandro Minozzo, ao qual chamou de autor técnico. O parlamentar destacou que a doença gera impacto em toda a família, adoecendo aqueles que se dedicam aos cuidados do enfermo. Brizola disse que essa preocupação ganha reforço pelo fato de o Rio Grande do Sul ser o estado com o maior percentual de idosos no Brasil, com um número expressivo de pessoas com esses tipos de enfermidades. “É uma lei que não vai envolver custos, somente esforços na unificação das ações, com transversalidade por meio de encontros dos profissionais e de monitoramento na rede pública de saúde”, lembrando que envolverá a saúde, a assistência e outras áreas afins.

O parlamentar exibiu vídeo com explicações do médico Leandro Minozzo sobre o panorama da doença no Município, estado e país. “Temos mais de 700 mil idosos com algum tipo de demência no Brasil que ainda não foram diagnosticados. São pessoas que ficam sofrendo diversos tipos de violência, distantes de qualquer forma de tratamento, com sua dignidade roubada”, afirmou. Segundo o profissional, em Novo Hamburgo os números de casos variam de 2.100 a 2.600 pessoas, e devem dobrar até 2030, com base em projeções.

O médico e colega de profissão Raul Cassel (MDB) comentou que é o tipo de projeto que só terá efeito se o Executivo valorizar essa situação. E lembrou a importância da família, responsável inclusive pelos primeiros diagnósticos quando começa a perceber mudanças no comportamento de seu parente. “A cura não existe. Os remédios só amenizam o avanço rápido da doença”, concluiu Cassel.

Conforme o Brizola, a ideia do Substitutivo nº 5 de 2020 é desenvolver a iniciativa a partir da integração de áreas como saúde, assistência social, direitos humanos, inovação e tecnologia. A mesma matéria já havia sido apresentada por meio do Projeto de Lei n° 12/2020, mas teve artigos suprimidos para a sua adequação, sendo reapresentada. Dados trazidos por Brizola estimam que mais de 2 mil hamburguenses sejam acometidos por algum tipo de demência.

O Substitutivo estabelece como diretrizes a construção e monitoramento participativo e plural; a capacitação da atenção primária; a articulação de serviços e programas já existentes; a observância de orientações de entidades internacionais; a delimitação de metas e prazos; a prevenção de novos casos; a descentralização do atendimento; e o uso da tecnologia nos diferentes níveis de ação. O enfrentamento das demências, com a anuência do paciente, deve agregar aspectos psicológicos e sociais, bem como oferecer um sistema de apoio às famílias.

Uma das características das demências é que elas demandam uma carga intensa e prolongada de cuidado, envolvendo praticamente toda a família e causando adoecimento dos cuidadores diretos. Cerca de 60% deles entram em forte estresse, enquanto 42% em ansiedade e 40% em depressão”, contextualiza Brizola.

Entre as principais dificuldades estão a falta de diagnóstico, o pouco acesso ao tratamento e a baixa compreensão da doença por parte dos familiares e da comunidade. “Há também enorme carência de profissionais capacitados no cuidado dessas doenças, em especial de especialistas em geriatria e gerontologia”, sinaliza o vereador.

O neurologista alemão Alois Alzheimer foi o primeiro a descrever essa patologia. Após o diagnóstico, estima-se que o tempo médio de sobrevida varia de oito a 10 anos. A doença costuma atingir cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% com mais de 85 anos.

A aprovação em primeiro turno

Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.

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