Aprovada moção de apoio à greve dos Correios
Enio Brizola aproveitou o momento para explicar o motivo da greve aos colegas parlamentares. “Estão sucateando a empresa para acelerar a sua privatização”, apontou. O vereador destacou que o discurso de que os trabalhadores dos correios são privilegiados não é verdadeiro. Segundo ele, quem goza de altos salários são os diretores e não os funcionários, que possuem uma jornada de trabalho exaustivo e, inclusive, muito sujeita à contaminação pelo novo coronavírus. “Esta é uma causa que vale a pena. Os trabalhadores estão à mercê de perderem todos os seus direitos. É uma barbaridade o que o governo federal está fazendo”, afirmou. “Ninguém faz greve porque gosta. Tem uma razão: retirada de direitos”, finalizou o autor da Moção nº 33/2020.
Ele ressaltou em sua defesa que a pandemia provou que o trabalho prestado pelos Correios é essencial, tendo havido aumento na demanda de cerca de 25%. “Os funcionários têm dado o seu sangue para manter os serviços, apesar das condições precárias, da sobrecarga, com cada empregado realizando a atribuição de dois ou três, das exaustivas jornadas, incluindo sábados e domingos”, acrescentou, sinalizando que estão mais sujeitos a contaminação por coronavírus e, por consequência, arriscando suas vidas.
O vereador ressaltou o contrassenso das retiradas de garantias legais justamente no momento em que o trabalho da categoria mostra-se ainda mais imprescindível. “O governo federal e a direção dos Correios querem acabar com direitos conquistados ao longo de décadas: planos de saúde, ticket-alimentação, creche, entre outros”, lamentou Brizola.
O parlamentar também se posiciona contrário à privatização da estatal. “Há tempos os Correios vem sendo destruídos pelo governo. Mas isto não é por acaso. O objetivo é sucatear a empresa e acelerar sua privatização. Fecharam agências, não realizam concurso para substituir aqueles que se aposentaram ou saíram em sucessivos programas de demissão, entre outras iniciativas que têm levado aos problemas que hoje afetam a população”, declarou. Para ele a direção da empresa, e não os trabalhadores, é a verdadeira responsável pelos problemas que a estatal enfrenta atualmente.
Fala dos vereadores
Patricia Beck argumentou que entende a pauta de reivindicação, mas defendeu que em um momento de pandemia não se pode falar em greve. “Muitos trabalhadores perderam seus direitos. Além disso, qualquer greve influencia na qualidade da prestação de serviços. Compreendo a pauta, mas nesse momento nenhum tipo de greve é aceitável”, reiterou.
Raul Cassel (MDB) relatou que o votou favorável à moção porque a retirada de diversos benefícios da composição dos salários é inviável. “Os Correios já foi uma das instituições com a maior credibilidade entre os brasileiros. Serviços não prestados, greve atrás de greve, são ações que poderiam me fazer votar contrário, mas propor uma pauta negativa é falta de gestão”, defendeu o parlamentar.
Gerson Peteffi (MDB) disse que, embora não vote, sua posição vai ao encontro das externadas pelos colegas Enio Brizola e Raul Cassel. “Sou contra qualquer greve, por princípio. Mas também sou contra zerar o aumento para os próximos anos, retirar conquistas, vale-refeição e auxílio-creche, por isso me solidarizo com o protesto”, falou o presidente da Casa.
Após aprovada, cópias da moção de apoio ao Gabinete da Presidência da República e ao Presidente dos Correios.
O que é uma moção?
A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.