Alvales recebe reconhecimento da Câmara
“A literatura não é um chão fácil de se trilhar. Ele é bastante difícil. Às vezes, diz-se que a modernidade e os avanços irão superá-la, mas aprendemos tanto. Por que não gostar da arte escrita? ‘Ah, não sei escrever’. Não existe 'não sei escrever'”, disse Renate Gigel, presidente da Alvales, ao público presente no Plenário do Parlamento logo após receber um quadro comemorativo das mãos do proponente do reconhecimento.
Há 24 anos como integrante da entidade, dos quais quase 20 deles como responsável pela coordenação, Renate falou sobre sua história pessoal como estrangeira que aprendeu a dominar um novo idioma tão bem quanto o seu de origem. “Eu não tenho uma família constituída de raízes aqui. Eu sei o que sente um imigrante ao chegar, porque ainda sou imigrante. Eu conheço esta terra pelo outro lado do oceano. São muitas recordações, muitas memórias e muitas duras conquistas. E me dá prazer em poder dizer que eu domino a língua, que não é a minha língua-mãe. Eu escrevo nessa língua, eu me comunico e eu fiz amigos”, acrescentou ao mencionar que, logo após a solenidade, a Alvales realizaria no Plenarinho da Câmara o lançamento da antologia O legado sem fim, que reúne textos de 26 autores sobre os 200 anos da imigração alemã.
Além da publicação de obras coletivas, a Alvales promove encontros, saraus, palestras e oficinas de escrita e alfabetização, iniciativas com realizações no Espaço Albano Hartz, na Câmara, entre outros. "Nos últimos 19 anos, nos propusemos a produzir uma antologia por ano. Procuramos não classificar, rotular ou dizer que não pode ser assim aos autores", falou Renate.
Estabelecida em 29 de julho de 1988, com abrangência em 20 municípios e cadeiras para 60 escritores e acadêmicos, a Alvales teve a celebração dos 35 anos adiada, conforme explicou Felipe, por questões de agenda.
Para o parlamentar, um dos principais méritos da entidade, graças ao empenho de sua condutora, é proporcionar conexão de ideias e realização de sonhos. “A Alvales se dedica à valorização literária local e também de autores da nossa região. Foi criada para estimular talentos e fomentar o hábito da leitura”, pontuou o parlamentar.
Sobre essa questão, o vice-prefeito de Novo Hamburgo, Márcio Lüders, exaltou os frutos que o incentivo ao apreço pelos livros proporcionam para o desenvolvimento de cidadãos mais preparados. Ele mencionou ainda saber todas as dificuldades enfrentadas pela entidade, mas que nunca fizeram sua presidente esmorecer.
“Para que se possa ter um futuro melhor, a gente precisa mais e mais desse incentivo, realizado por uma academia literária que completa 35 anos em um país que cada vez mais se afasta da leitura. Sabemos a importância que é manter esse estímulo”, declarou.
Reconhecimento do grupo
Integrante da Alvales desde 2011, a vice-presidente Aida Pietzarka, junto a demais membros, fez uma homenagem em reconhecimento ao legado de Renate no comando dos trabalhos. Além desse momento, a apresentação do flautista Rafael Muslera Lima completou a exaltação da cultura e da arte produzida localmente.
O começo da entidade
O início da Alvales ocorreu quando do lançamento da antologia O Vale Néon. Os encontros dos 18 escritores ocorriam na Biblioteca Municipal de Novo Hamburgo, sempre no segundo sábado de cada mês.
Assista à solene na íntegra: