Universidade Federal dos Vales é tema de audiência pública
Professor da Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha e um dos coordenadores do movimento, Pedro Gieh foi o primeiro a usar a palavra. Ele frisou que, desde o final do ano passado, indivíduos e organizações trabalham pela implantação de uma universidade pública federal na região. E lembrou que, nos últimos anos, foram criadas 18 novas universidades. “Nossa pauta está dentro da política governamental neste período, e é requerida pelo desenvolvimento econômico e social do Brasil.” Segundo o professor, esta é a última região altamente populosa que não conta com esse tipo de estrutura. “Três milhões de pessoas podem ser contempladas com esta universidade.” Além disso, destacou que uma universidade não significa apenas uma ampliação no acesso ao ensino, mas também mais pequisa e inovação.
Gieh disse que a ideia é ter diversos campi, de acordo com a necessidade dos municípios, e uma gestão participativa. Por fim, salientou que entre as áreas com maior demanda estão engenharias, saúde, educação voltada para o ensino profissionalizante e humanidades e culturas. “O Ministério da Educação já nos sinalizou positivamente,temos o governador do Estado como embaixador desse tema e temos recebido retorno da presidente Dilma para seguir negociando.”
O presidente do grupo Pensando Novo Hamburgo, Marcos Bock, afirmou que ainda há muitas barreiras a serem ultrapassadas, como local onde será implantada. Porém, agora é hora de união para que se conquiste a universidade. A instituição, ponderou, não deve concorrer com aquelas já implantadas aqui. “Há espaço para todos.”
O diretor de Assuntos Comunitários do Sindicato dos Bancários de NH e membro da comissão municipal pró-Univales, Everson Gross, ponderou que é preciso oferecer educação superior de qualidade – o que nem sempre ocorre.
Paulo Haubert, diretor de Trabalho da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia, Trabalho e Turismo (Sedetur), representando o prefeito Luis Lauermann, afirmou que apenas o Vale dos Sinos conta com 280 mil estudantes, a maioria no Ensino Médio. Após sua fala, ele entregou a Gross 1,7 mil assinaturas coletadas pelos funcionários da Prefeitura.
O presidente da União dos Estudantes de Novo Hamburgo, João Alexandre da Rosa, frisou que os estudantes estão engajados na busca pela Univales – e também pelo passe livre. Ele lamentou que a evasão escolar é muito grande na cidade, e disse que a universidade pode ser um instrumento de transformação.
Falas dos vereadores
Cristiano Coller (PDT) disse que é totalmente a favor da Univales, e que gostaria que ela viesse a Novo Hamburgo. Roger Corrêa (PCdoB) destacou que o movimento pela universidade conseguiu unir uma ampla gama de entidades e lideranças – uma característica de ações vitoriosas. Ele lembrou que foram os estudantes que lutaram para que os royalties do pré-sal fossem destinados à educação.
Professor Issur Koch (PP) contou que, quando era pequeno, não ambicionava fazer uma faculdade – por não haver nenhuma faculdade na cidade. “Eu só me formei com 30 anos em Pedagogia, e isso poderia ter acontecido muito mais cedo. Por isso, o mais importante é criar a ambição no jovem.”
Gilberto Koch – Betinho (PT), presidente da frente parlamentar pela implantação da Univales, parabenizou a comunidade de Novo Hamburgo pelo esforço empregado em prol do movimento. “A nossa região merece e tem como ter uma universidade pública federal.” O vereador frisou que, aos 59 anos, ainda sonha em cursas uma universidade pública federal – e que tem o mesmo sonho para seu filho e seu neto.
Questionamentos do público
O secretário de Obras, Ênio Brizola, lembrou que este é o segundo movimento amplo que a Câmara ajuda a liderar – o primeiro foi pela extensão do trem até Novo Hamburgo. “A Univales também será uma realidade se nós quisermos, que continuarmos com a mobilização.” Por fim, ele destacou a importância do abaixo-assinado.
Vitor Gatelli, representante do Sindicato dos Comerciários, também pediu que todos se mobilizem e busquem assinaturas. “Os comerciários estão engajados”, garantiu. Jean Andrade, coordenador de Juventude da Prefeitura, afirmou que a universidade deve ser aberta à comunidade, pois é o centro do conhecimento.
Juliane Lopes, presidente da Associação de Moradores do bairro Primavera, falou sobre a importância de envolver os jovens no movimento. Álvaro Fernandes, do movimento estudantil, destacou a importância histórica da busca pela Univales. Tiago Morbach, também do movimento estudantil, lembrou que a luta dos jovens está mudando e avançando. “Estamos em outro momento do desenvolvimento do nosso País. E isso significa que temos de ousar ainda mais.”
Jandir Martins de Almeira, da Federação das Associações de Moradores do Rio Grande do Sul, disse que cresceu com a perspectiva de ser operário, não estudante universitário. “Hoje, temos diversos meios de acessar a universidade, mas este movimento é pertinente.” Paulo Taufer, professor que trabalha na 2ª Coordenadoria Regional de Educação, relatou que está mobilizando escolas pela Univales. Ele salientou a necessidade de se ter uma educação libertadora, não uma fábrica de mão de obra.
Remi Carasai, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Novo Hamburgo, pediu aos jovens que sigam se mobilizando. Gabriel Pontes, do movimento estudantil, também discorreu sobre o sonho de estudar numa universidade pública local. João França, presidente da Associação de Moradores da Morada dos Eucaliptos, disse que a entidade já está coletando assinaturas.