Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos fala sobre prisão de jovem na Espanha
Krischke destacou que a publicidade dos navios de cruzeiro envolve charme e luxo. “São verdadeiras cidades flutuantes, que transportam mais de 4 mil pessoas.” Contudo, ele salientou que, por trás disso, há coisas assustadoras. “Lamentavelmente, os nossos jovens são atraídos pelos anúncios, para trabalhar nos navios e conhecer o mundo.”
Bandeira de conveniência e condições vexatórias
O presidente apontou que os novos navios viajam com bandeiras de conveniência, modalidade criada durante a Segunda Guerra, quando a Alemanha derrubava navios mercantes dos inimigos. Os empresários passaram, então, a matriculá-los em países como Panamá e Chipre, que não eram beligerantes. “Hoje, 62% da tonelagem do transporte marítimo é feito através de bandeiras de conveniência. E os cruzeiros também adotaram isso.” Qualquer problema jurídico, desta forma, representa um grande problema. “Nesses navios também se traficam drogas, e as condições de trabalho são vexatórias.”
Krischke disse que o objetivo do movimento é criar no País uma legislação mais avançada. O Brasil também aderiu, recentemente, a uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o que deve ajudar bastante esses jovens.
Jovem hamburguense presa
O pai de Bruna Bayer, Alexandre Frasson, também utilizou a tribuna. Sua filha está presa na Espanha há 16 meses, pois encontraram drogas em sua mochila. “O traficante confessou diante do juiz ter colocado a droga ali sem ela saber.”
Ao ser indagado pelo vereador Jorge Tatsch (PPS) sobre a quantidade de droga apreendida com Bruna, o pai respondeu que, de um total de 44 quilos recolhidos durante a operação policial, cerca de 3 quilos foram encontrados na mochila da jovem. O peso equivalia ao do computador que era carregado pela jovem e que foi retirado por outro tripulante e substituído por pacotes com cocaína.
A diplomacia brasileira já fez seis audiências com as autoridades espanholas, apontou ainda, destacando que está sendo realizado um abaixo-assinado virtual pedindo sua liberdade.
De acordo com Frasson, Bruna, formada em Nutrição, está trabalhando na cozinha da prisão, fazendo uma pós-graduação à distância e há uma família local que se propôs a acolhê-la. Mesmo assim, a jovem não consegue responder o processo em liberdade. “O direito de presunção de inocência dela está sendo violado.” Frasson contou que, para uma professora brasileira radicada na Espanha, o machismo e a xenofobia são os reais motivos da prisão.
A recomendação de Frasson para outras pessoas que procuram esses trabalhos é simples: não ir. “Nesses navios não existem riscos, existem perigos para tripulantes e passageiros. Há um fluxo muito grande de tráfico de drogas.” Segundo ele, já foram realizadas diversas audiências públicas sobre o tema, mas a imprensa não tem tratado do assunto devidamente.