21/09/2011 - Painel sobre drogadição lota plenário

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 20h02
Evento foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Casa

Pacientes da Fazenda Senhor Jesus abriram com música o Painel "Drogadição na Infância e Juventude". O evento ocorreu nesta quarta-feira, 21, e foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos – integrada por Alex Rönnau (presidente), Carmen Ries (secretária) e Sergio Hanich (relator). Fizeram parte da Mesa Diretora o promotor da Infância e Juventude Manoel Guimarães e o major Vitor Hugo Konarzewski, do 3º BPM.

Infância
Rosangela Scurssel, diretora-presidente da Caudeq, foi a primeira a falar. Ela destacou diversos pontos que devem ser levados em conta quando se fala em drogas, como internet, consumo, violência e desempenho escolar. As vivências da infância, porém, ganharam destaque na palestra. "Elas exercem grande influência na formação da adolescentes e adultos seguros, com boa autoestima e preparo adequado à vida em sociedade", disse. Nessa época, pais e cuidadores têm máxima influência.

Todavia, crianças são diariamente encaminhadas ao Conselho Tutelar por adultos que não conseguem tomar conta delas. "Se elas reproduzem aquilo que aprendem dos mais velhos, quem está errando primeiro?", questionou Rosangela. "Precisamos rever nossos conceitos, nossos valores e nossa ética. Não basta dar teto e comida, é preciso olhar para a criança e para o adolescente." O recado não foi direcionado apenas a quem tem filhos: todos somos responsáveis pelos pequenos cidadãos brasileiros, frisou.

Adolescência
O psicólogo Leandro Dieter, representando a secretária municipal de Saúde, Clarita de Souza, chamou a atenção para o adolescente usuário das drogas. Nessa época da vida, diversos desafios são enfrentados, como o estabelecimento de uma identidade sexual e de relações para além da família, além do ingresso no mundo do trabalho. "A droga vai ser usada, em alguns momentos, para ajudar no encontro de resposta a essas questões. Serve para apaziguar as angústias provocadas pelo mal-estar da atualidade." Hoje, apontou, não temos mais ritos de passagem, que geram algum conforto. "O processo é mais complexo."

Contudo, afirmou Dieter, há diferentes níveis de apelo à droga. Um levantamento feito em 2010 nas 26 capitais estaduais e no Distrito Federal – e que contou com a participação de mais de 50 mil alunos das redes pública e privada – mostra que 42% fizeram uso de bebidas alcoólicas ao menos uma vez no ano. Outros índices encontrados foram: 9,6% tabaco, 5,2 % solvente, 3,7% maconha, 2,6% ansiolítico, 1,8% cocaína e 0,4% crack. Não é diferenças entre meninos e meninas – mas os números são maiores para estudantes mais novos. Ao se comparar com os números de 2004, uma boa notícia: a maioria caiu nesses últimos seis anos. "Uma sugestão é fazer campanhas contra o álcool semelhantes às realizadas contra o cigarro", finalizou.

Uma nova cultura
O diretor de Políticas Públicas sobre Drogas do RS, Solimar dos Santos Amaro, enfatizou a importância de uma mudança na cultura. Ele apontou que pais e responsáveis, muitas vezes, consomem tranquilizantes, cigarros, bebidas alcoólicas e café. "Além disso, quando sentimos um desconforto, logo tomamos um remédio. Temos uma cultura na qual não podemos sentir dor." Amaro ponderou que essas contradições estão presentes nos meios de comunicação, pois artistas e atletas podem promover cervejas. "O crack é a bandeira da vez, mas também deveria ser o álcool. O maior índice de cirrose na infância está em nosso Estado, na cidade de Caxias do Sul."

Considerações finais
O major Vitor Hugo disse que a Brigada Militar está fazendo o possível para coibir o uso de drogas. "Convivemos com a falta de estrutura familiar." O promotor Manoel Prates concordou com os palestrantes. "Reitero a necessidade de comprometimento pessoal, de amor e de carinho. A prevenção deve começar em casa. Mas o policiamento preventivo também é importante." Participantes ainda fizeram questionamentos aos painelistas, abordando aspectos como políticas para a mídia e para a saúde.

Carmen Ries (PT), que é diretora de escola, disse que crianças da quinta série já estão começando a usar drogas. "Por isso o diálogo entre pais e filhos é essencial. Não dá mais para fazer vista grossa. A recuperação é muito difícil. Leva nove meses, pois é preciso nascer de novo." Jesus Maciel (PTB) destacou a necessidade do planejamento familiar e de se impor limites aos jovens. Sergio Hanich (PMDB) também falou sobre dar mais responsabilidade às crianças e aos adolescentes. "Ficou claro que o objetivo é a prevenção", concluiu Alex Rönnau (PT), que presidiu os trabalhos.

21/09/2011

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