Comunitária debate problema de segurança no Primavera

por danielesouza — última modificação 16/10/2020 20h02
08/12/2011 - A Escola Estadual Alberto Clemente Pinto foi palco nesta quarta-feira, dia 7, de sessão comunitária para buscar soluções para problemas de segurança. O encontro ocorreu a pedido da Associação dos Moradores do Bairro Primavera. Com base nas reivindicações – câmeras de vigilância, melhoria no acesso ao bairro e patrulhamento – , a Câmara Municipal vai elaborar um documento e encaminhá-lo aos órgãos competentes.

Comunitária Primavera

Na mesa conduzida pelo presidente Leonardo Hoff (PP), estavam os vereadores Jesus Maciel (PTB), Gilberto Koch (PT), Luiz Carlos Schenlrte (PMDB), Carmen Ries (PT), o suplente Inspetor Jorge Luz (PMDB), representando a Polícia Civil, o capitão Adriano Zanini, do 3° Batalhão da Brigada Militar de Novo Hamburgo, em nome do tenente-coronel da Brigada Militar, Victor Hugo Konarzewski, e o deputado estadual Luís Lauermann (PT). Entre outros, assistiu ao debate o tenente Gilson Peixoto de Souza, Comandante da 2ª Companhia da BM, Gleidi Flora de Vargas e Ledir Luft.

 

A presidente da Associação dos Moradores do Bairro Primavera, Semilda dos Santos, Tita, relatou que a falta de segurança vivida pela comunidade é um problema que se arrasta há muito tempo. “Nós não podemos nos omitir, ficar sentados de braços cruzados. Me orgulho de ser moradora há 25 anos do Primavera. Não quero sair daqui e deixar esse lugar para os marginais morarem”, desabafou. Ela afirmou ter esperança na intervenção dos parlamentares na busca por uma solução. Tita disse que a população do bairro não tem sequer um local para pagar as contas, porque três lotéricas tiveram de ser fechadas em função dos constantes assaltos. Além de ocorrências a estabelecimentos comerciais, a moradora relatou incidentes ocorridos nas ruas e nos ônibus que circulam pela região.

 

“As pessoas que estão aqui querem continuar vivendo no bairro. Hoje é só o começo. Estamos inconformados”, afirmou Tita.

 

Após indagações da comunidade sobre a ausência de representantes da Prefeitura, Hoff informou que tanto o Poder Executivo quanto a Guarda Municipal foram convidados a participar da sessão comunitária. O Presidente do Legislativo explicou que não compete aos vereadores legislar sobre Segurança Pública, tampouco é atribuição da administração municipal. “Acompanhamos a execução orçamentária e fiscalizamos o Executivo. Segurança Pública não é um problema direto do Município, é da esfera do Estado”, acrescentou.

 

O parlamentar do PP lembrou que, apesar de algumas limitações no campo de atuação dos vereadores, em várias situações a pressão feita pelo Legislativo resultou em conquistas para comunidade. Ele citou o trabalho de Gilberto Koch, presidente da Comissão Pró-Trensurb, que diversas vezes foi a Brasília com outros parlamentares, na busca por soluções para o impasse da obra do trem, quando esteve embargada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Apontou ainda que, recentemente, reuniu-se com o Chefe da Brigada Militar para repassar os pedidos da comunidade do Primavera.

 

BM e Polícia Civil

 

O Capitão Zanini informou que a Brigada Militar é a única instituição que se encontra nos 496 municípios do Estado. Em Novo Hamburgo, de acordo com ele, o efetivo é de 236 homens, havendo a necessidade de no mínimo 400. “Essa defasagem não é culpa do atual governo e nem do passado. Isso é uma herança de várias administrações”, disse. Para ele, a defasagem é superior a 35%. Comentou que na sala de operações atuam três telefonistas e um rádio-operador. “Para funcionar 24 horas, precisaríamos de 25 pessoas. Para uma viatura rodar 24 horas, seriam necessários 10 policiais”. Zanini avalia o impacto positivo seria maior com investimentos em viaturas e patrulhamentos em vez de postos estáticos instalados nos bairros. Citou os exemplos de municípios vizinhos – Ivoti, Dois Irmãos e Sapiranga – em que ocorre união de forças do Legislativo e Executivo. Em 2008, a Câmara Municipal de Novo Hamburgo indicou à administração municipal a destinação de recursos para obras da nova Central de Polícia.

 

O suplente de vereador Inspetor Jorge Luz, representando a Polícia Civil, afirmou que só a tecnologia não é suficiente. “Nada vai substituir o homem no trabalho de campo”, disse. Garantiu à comunidade que vai levar as reivindicações ao conhecimento do delegado Nauro Marques, da 1ª DP. O Inspetor Luz falou sobre a importância de se descobrir quem está comandando as ações violentas no bairro. Citou também a Central de Polícia, que em breve será inaugurada e que contou com recursos do Estado de R$ 1.077.000,00 e valores doados pela comunidade. Afirmou que a Lei da Fiança e a questão do regime semi-aberto dificultam a atuação policial. Encerrou dizendo que a impunidade não é culpa dos vereadores ou do gestor público municipal e estadual, é um contexto, lembrando que cabe aos deputados federais legislar sobre esses temas.

 

Participação dos Parlamentares

 

Carmen Ries (PT) contou que na Escola Estadual Borges de Medeiros, na qual atua como diretora, também enfrenta o problema da violência, e que existem estudantes envolvidos com drogas. A vereadora afirmou que esse é uma questão que não cabe unicamente ao Poder Público solucionar ou às instituições de ensino, mas às famílias. Parabenizou a comunidade do Primavera por ter coragem de fazer as denúncias. Disse que é necessário apoio do governo estadual e que o deputado Luís Lauermann poderá intermediar o diálogo com o Piratini.

 

Jesus Maciel Martins (PTB) relatou que em 2009 foram realizadas audiências nos bairros São Jorge e Canudos. Na ocasião, segundo o vereador petebista, estavam presentes integrantes do governo estadual. “Os moradores disseram que aconteceram grandes avanços”, salientou. Jesus informou que há dois meses os vereadores estiveram no bairro Primavera ouvindo a comunidade. Sobre a ações dos criminosos, o vereador apontou: “tenho certeza que se tirarmos meia dúzia de circulação, será resolvido o problema”.

 

Gilberto Koch (PT) revelou que desde 2005 tem participado de todas as sessões comunitárias. “A reivindicação que sair daqui vai ser encaminhada ao Executivo. Sugiro que a Comissão de Segurança faça uma audiência pública na qual seja convidado o Secretário da Segurança”, ponderou. Assim como Leonardo Hoff, o vereador Betinho lembrou das limitações da atuação parlamentar nas questões relacionadas à segurança pública.

 

Luiz Carlos Schenlrte (PMDB) contou o caso da construção do pelotão da Brigada Militar no bairro Rincão. Conforme Carlinhos, a comunidade se uniu aos policiais militares para resolver o problema da segurança. Ele mencionou que, na década de 90, os empresários e comerciantes do bairro contribuíram com o material. O peemedebista afirmou que também foi vítima de violência, por duas vezes, ao ter seu carro roubado e sua residência assaltada. Reiterou a necessidade de instalação de câmeras, pelo menos na principal via do bairro, a Osvaldo Cruz.

 

Luís Lauermann (PT) declarou que se coloca à disposição para trazer um representante da Secretaria Estadual de Segurança. Relatou ainda que, junto ao prefeito Tarcísio Zimmermann, foi ao secretário pedir reforço no efetivo de Novo Hamburgo. Segundo ele, é necessária a realização de concurso público para aumentar o número de servidores da BM e da Civil.


Comunidade

 

Sandro Salazar, guarda municipal, morador do bairro há 40 anos, diagnosticou que o mal da região é o tráfico de drogas. Mencionou ainda a necessidade de patrulhamento efetivo da BM e de pontos de referência da Brigada Militar, como havia há algum tempo no salão paroquial.

 

Luciano Krause, proprietário da lotérica, questionou por que a Brigada Militar fiscaliza o trânsito. Sugeriu que em Novo Hamburgo a criação de um órgão destinado somente a esse tipo de ocorrência, assim como em Campo Bom. Desta forma, segundo o empresário a BM cuidaria exclusivamente da área da segurança. O Capitão Zanini disse que nas ocorrências de trânsito sem lesão corporal cabe à Guarda Municipal fazer o registro. Havendo lesão corporal o atendimento é exclusivamente feito pela Brigada Militar.

 

Krause falou sobre a questão do uso da tecnologia para auxiliar o trabalho dos brigadianos, como por exemplo, o uso de câmeras. O morador Deumar Leal também reforçou a necessidade de vigilância eletrônica para coibir a violência.

 

Gladis Blume disse que a comunidade coletou um abaixo-assinado. Indagou o que a população do Primavera pode esperar como resultado da sessão comunitária. Disse que por duas vezes foram marcadas reuniões com a administração municipal, que não chegaram a acontecer.

 

"Estamos aqui como aliados, para pressionar a prefeitura e o governo estadual. O deputado cobra o governador, assim como o vereador cobra o prefeito. O que fazemos é tentar sensibilizar o Estado", declarou Hoff.

 

José Astor Voltz, lamentou que só haja uma entrada para o bairro. “Se por infelicidade, precisarmos de um bombeiro, ambulância, dependendo do horário, vamos morrer e não conseguiremos passar ali no viaduto”, declarou. Ele disse que essa questão também tem impacto na agilidade dos atendimentos da Brigada Militar e Polícia Civil.

Correspondência

O vereador Antonio Lucas (PDT) enviou correspondência informando que compromissos o impossibilitavam de estar presente na sessão comunitária. Sergio Hanich (PMDB), integrante da Comissão de Segurança, e Ricardo Ritter - Ica (PDT) estão participando do Encontro Nacional de Vereadores - Saúde (PEC 29), em Brasília.