Município terá sistema de tratamento de esgoto pioneiro no Brasil
Segundo Mozar, a Comusa assinou na segunda-feira, 24, a ordem de início para a construção do protótipo da futura ETE. A ação tem custo de R$ 1,5 milhão. A obra será feita junto à ETE Morada dos Eucaliptos, no bairro Canudos. Já existe no Município há três anos um pequeno protótipo na estação Mundo Novo. O novo modelo com prazo de conclusão em quatro meses deverá ser bem mais completo, conforme o diretor-geral da Comusa.
Mozar Dietrich informou que atualmente são tratados apenas 4,5% do esgoto do Município e esse percentual deve ir a 82% futuramente. Ele esclareceu que o uso de plantas para o tratamento do esgoto foi a alternativa escolhida pelo Município após participação de seminário na Feevale em 2011, que abordava o tema. A Espanha implanta esse tipo de processo alternativo de tratamento do esgoto e tem sido referência nos estudos da Feevale e da Comusa. De acordo com Mozar, viagens técnicas foram feitas para avaliação do modelo espanhol.
O professor Günther Gehlen destacou em sua fala o custo reduzido para a implantação da estação com uso de plantas macrófitas e de sua manutenção. No modelo convencional, a previsão de gasto é de R$ 90 milhões, enquanto na alternativa verde o custo fica em torno de 53 milhões. Já a manutenção mensal cai de mais de dois milhões para um valor entre R$ 400 mil e R$ 300 mil mensais. Ele informou que Novo Hamburgo é pioneiro no uso dessa tecnologia no Brasil, e tem sido referência para outras cidades, que têm visitado o protótipo da Estação Mundo Novo. “No Brasil a fora são usadas tecnologias convencionais. O consumo de energia elétrica nesses casos é bastante acentuando”, disse Gehlen, informando que há ainda produção de resíduos.
O professor afirmou que as alternativas verdes não são um passo novo, e já são adotadas em vários países desde os anos 50. “O modelo de Novo Hamburgo é uma evolução dessas tecnologias”, explicou. Além de ter baixo custo, propõe o processo de recuperação de paisagens, conforme o professor. O sistema funciona com três lagoas em sequência, cada uma com uma tarefa e profundidades diferentes. A planta adotada para o tratamento de esgoto será a Typha domingensis, conhecida como taboa, com caule poroso e típica de brejos. Ele explicou, através de slides exibidos no plenário, que o tapete de raízes bloqueia gases produzidos na degradação da matéria orgânica, impedindo mau-cheiro.
Questionamentos
Professor Issur Koch (PP) questionou se a água pode ser distribuída para consumo logo após passar pela estação de tratamento. Gehlen informou que o efluente final não pode ser jogado nas torneiras, pois não atende a legislação de potabilidade. O professor da Feevale afirmou que há estudos para que a água proveniente da estação de tratamento possa atender a demanda das indústrias.
Raul Cassel (PMDB) perguntou se existe resultados no Brasil com o uso desse método, pois a Espanha, país onde se buscou a tecnologia, tem outro clima, outros tipos de resíduos industriais. Conforme Gehlen, Novo Hamburgo está sendo pioneira com essa tecnologia. Os efluentes produzidos aqui se assemelham aos da Espanha. Ele acrescentou que a mesma tecnologia é implantada em vários países, entre eles, França e Alemanha. “Nossas comparações são com essas que estão em funcionamento”, explicou. Ele informou que o clima para o crescimento das plantas é mais favorável aqui em Novo Hamburgo, tendo a ETE funcionamento contínuo, independentemente da estação do ano.
Mozar Dietrich respondeu à indagação de Cassel sobre os empréstimos, dizendo que há contratos com o Banrisul e a Caixa Econômica Federal, cujo vencimento ocorrerá em 2034. O diretor-geral da Comusa antecipou que tarifas de esgoto terão de ser cobradas a partir do primeiro semestre de 2017. Sobre o debate com a Corsan, a respeito do valor devido pela Comusa no caso da municipalização do serviço, o que está sendo discutido é o valor da dívida – 180 milhões, segundo o Município, e 250 milhões, conforme o Estado. Conforme Mozar, se Novo Hamburgo deixar ir para precatório vai ser uma situação complicada, impedindo novos financiamentos. “A saída que estamos antevendo é constituirmos uma empresa de economia mista, com cerca de 20% das ações da empresa para a Corsan."
Serjão perguntou sobre problemas no rompimento de adutoras e o uso da ETE da Marisol. Mozar informou que a Comusa ainda é surpreendida com adutoras desconhecidas na cidade.
O vereador Farias agradeceu a possibilidade de ouvi-los e sugeriu novos encontros no Legislativo para que o assunto seja explicado para a população. Fufa Azevedo (PT) cumprimentou Farias pela iniciativa de chamá-los e propôs que a cada seis ou oito semanas esclarecimentos sejam prestados em sessões da Câmara.
Ao término do encontro, Gehlen convidou os vereadores e a comunidade para participarem na sexta-feira, dia 28, e sábado, dia 29, de seminário internacional que discute o tratamento de efluentes, que está sendo promovido na Feevale, com inscrição gratuita.