Comissão busca direitos de usuários da saúde mental

por danielesouza — última modificação 16/10/2020 19h59
03/05/2012 - Os vereadores Jesus Maciel (PTB), Raul Cassel (PMDB) e Gerson Peteffi (PSDB), integrantes da Comissão de Saúde da Casa, participaram de reunião para tratar dos problemas enfrentados pelos usuários do Centro de Atenção Psicossocial – Centro. No último dia 24 de abril, a paciente Sandra Maria Schmitz Hoff falou na sessão plenária sobre a falta de medicamentos e de passagens para o deslocamento até a unidade.

 

O encontro ocorreu na tarde desta quinta, 3, na Secretaria Municipal de Saúde e contou com a participação do gerente de saúde mental, Leandro Dieter, do diretor-administrativo da pasta, Jorge Vitório Silveira, da coordenadora do Caps Centro, Roberta Monteiro, do servidor Luís Marcon de Mello, que atua no departamento de Recursos Humanos, além dos usuários Larry Dietrich e Maria Hoff.

 

A responsável pela unidade explicou que hoje existem 140 pessoas que frequentam o serviço e que a maioria necessita de atendimento de três a cinco vezes por semana. “Temos, no entanto, apenas 60 cartões de passagens disponíveis. Além disso, muitos pacientes, até por suas limitações, acabam perdendo ou extraviando seus passes”.

 

Cassel, que assim como Peteffi atua como médico da rede pública, frisou que os encaminhamentos feitos pelos postos de saúde aos Caps são constantes e que dar condições para que as pessoas cheguem ao serviço é essencial para que possam aderir ao tratamento. O vereador Jesus sugeriu que a Prefeitura disponibilizasse um veículo para o transporte dos usuários. Os profissionais do setor explicaram que essa não seria uma solução viável, uma vez que os atendimentos ocorrem em horários bastante diferenciados.

 

Outra sugestão dos parlamentares é a adoção do mesmo sistema do Caps AD, destinado a usuários de álcool e drogas, onde se disponibiliza cartões com apenas duas passagens por vez. O diretor-administrativo prometeu estudar o assunto, mas calculou que para atender a demanda seriam necessárias mais de 400 unidades.

 

Dieter ressaltou os princípios da reforma psiquiátrica, que garante aos doentes mentais o direito de conviver em comunidade, o que inclui a utilização de transporte público. “A busca dos usuários pela Câmara de Vereadores teve por objetivo a legitimação de um direito. Sempre tentamos organizar essa questão da melhor forma possível, uma vez que nunca tivemos passagens suficiente para todos”. Seguindo a proposição de Maria Hoff, o psicólogo defendeu uma legislação que abrangesse a todos, concedendo passe livre aos usuários da saúde mental. Os parlamentares explicaram que esse é um projeto que deve ter origem no Executivo, e que essa política poderia implicar custos maiores à população que também necessita de ônibus.

 

Para Cassel, a concessão de passagens a todos os usuários, com as devidas avaliações periódicas, caberia sim no orçamento da Saúde. “Esse valor não chega ao gasto com uma diária de hospital particular que o Município tem que pagar em caso de uma internação judicial compulsória. Oferecer tratamento adequado a essas pessoas, além de melhorar a qualidade de vida delas, previne que tenham surtos, o que mobiliza muito mais recursos e profissionais do setor”.