Audiência busca soluções para a falta de segurança
Cassel ressaltou que a cidade é uma das mais violentas do Estado. “Nasci aqui há 50 anos, hoje a realidade está muito diferente. A violência está presente nas próprias casas”.
Representando o grupo, Kellen Trentin apresentou um manifesto reivindicando ações concretas para solucionar o problema. “Não dá mais para aceitarmos esta onda de violência que estamos vivendo. As pessoas tem de ser mais responsáveis e precisam ter a consciência de que o coletivo deve prevalecer ao individual”. Ela entregou um abaixo-assinado ao prefeito Tarcísio Zimmermann, com mais de quatro mil assinaturas, e uma lista de providências em prol da segurança. Kellen lembrou que a Câmara é a Casa do Povo, ou seja, o local ideal para se debater questões como esta.
O delegado da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, Enizaldo Plentz, apontou o tráfico de drogas como maior causa de homicídios. Segundo ele, é impossível amenizar a violência em um curto prazo. Já o delegado da 3ª Divisão Regional Metropolitana da Polícia Civil, Marcelo Moreira da Silva, elencou as dificuldades para a redução da criminalidade como falta de pessoal para a área de perícia e na Superintendência de Serviços Penitenciários – Susepe.
Além disso, afirmou que o sistema prisional não consegue absorver o número de condenados e não é capaz de ressocializar os que lá estão. “Um dos problemas é que nenhum município quer ter que administrar um presídio, e há uma defasagem grande de vagas. Muitas vezes os criminosos são condenados, não há onde prendê-los”. Outra questão é a legislação penal que, segundo ele, deveria ser alterada.
O coronel Cláudio Rieger, comandante do 3º BPM, falou sobre o trabalho de policiamento comunitário, que deverá ser implantado em breve na cidade. Segundo ele, a Brigada realizou 3035 prisões em flagrante em Novo Hamburgo neste ano. O Comandante Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio dos Sinos, coronel Paulo Henrique Sperb, afirmou que os números não dão a real dimensão do que se está vivendo. Ele garantiu que a instituição tem o compromisso de sempre prestar um trabalho melhor.
O chefe do Executivo falou sobre o trabalho realizado pelo Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), que congrega agentes da justiça e da segurança pública. Ele citou ainda a justiça comunitária situada no Santo Afonso e a futura instalação desse serviço no bairro Canudos e vila Kephas que, por serem regiões de maior conflito, irão auxiliar na redução da violência. Para Tarcísio, o crime cometido hoje é consequência da transgressão permitida ontem. Ele questionou se a comunidade seria capaz de fazer um pacto pela segurança, tendo tolerância zero a qualquer infração.
Após a fala das autoridades, foi aberto espaço para a manifestação da comunidade. Foi consenso nas falas dos cidadãos que é preciso unir esforços para combater a criminalidade. Estiveram presentes o presidente Gilberto Koch (PT), e os vereadores Jesus Maciel Martins (PTB), Jorge Luz (PMDB) e Anita Lucas de Oliveira (PT), além dos parlamentares eleitos Jorge Tatsch (PPS), Roger Corrêa (PCdoB) e Issur Koch (PP).
Como proponente do evento, Cassel ressaltou que a Casa permanecerá à frente desta luta, promovendo ações para a paz, e comprometeu-se a organizar debates sistemáticos sobre o tema.
Confira as medidas solicitadas pelo grupo Manifesto pela Segurança Pública de Novo Hamburgo:
- A manutenção de um gabinete de gestão integrada atuante e com a disponibilização efetiva de uma cadeira para a sociedade civil;
- A criação de novas delegacias de polícia, assim como a melhoria na infraestrutura das já existentes, em especial daquela localizada no bairro Canudos;
- A criação de uma central de inteligência, constituída por integrantes das Polícias Civil e Militar, assim como representantes da administração pública, Judiciário e Ministério Público, a fim de combater o crime organizado, a atuação de facções e a violência de forma geral;
- A criação/manutenção de um disque denúncia municipal, a efetivação de uma campanha de incentivo a sua utilização e de esclarecimentos à população acerca do seu funcionamento, bem como a regulamentação no sentido da fixação de cartazes em locais de grande circulação de pessoas;
- A ampliação da rede de monitoramento da cidade com câmeras de segurança, a manutenção destas operantes, bem como a disponibilização de informações à comunidade da quantidade e dos seu esquema de funcionamento;
- A realização de audiências públicas trimestrais, com a apresentação dos resultados das proposições e metas assumidas nas anteriores
- A criação de um portal da transparência, a fim de que a população tenha acesso aos gastos com a segurança pública.