03/05/2011 - Trabalhadores de Novo Hamburgo são homenageados em sessão solene

por tatianelopes — última modificação 16/10/2020 19h53
Requerimento é de autoria de Gilberto Koch

Os trabalhadores hamburguenses foram homenageados na Câmara nesta terça-feira, 3, por meio de uma sessão solene. O autor do requerimento, Gilberto Koch (PT), tem sua história ligada à busca de melhorias para a categoria: presidiu a CUT Vale do Sinos entre 1997 e 2003 e dirigiu a Execução da Confederação Nacional do Vestuário entre 1998 e 2001. Na Mesa Diretora, ao lado de Betinho e do presidente da Casa, Leonardo Hoff (PP), estavam João Batista Xavier da Silva, da executiva da CUT-RS, e o secretário da Federação dos Sapateiros do Estado do Rio Grande do Sul, Jair dos Santos. Na Tribuna de Honra e nas galerias, representantes de diversos sindicatos hamburguenses e gaúchos. No final da cerimônia, diversos trabalhadores, representantes setores variados, receberam certificados. 

Luta do trabalhador ainda é atual
"O trabalhador deve sempre buscar o melhor para a sua categoria. Muitos homens e mulheres deram sua própria vida na busca por empregos e condições adequadas", afirmou Betinho. Ele lembrou que as comemorações de 1º de maio têm sua origem em manifestações para a redução da jornada na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, que resultaram na morte de diversas pessoas. E frisou que essa luta segue atual. "Podemos falar também no assassinato de trabalhadores em Eldorado dos Carajás e na escravidão que ainda ocorre nas fazendas."

Betinho afirmou que, como vereador, tem um compromisso com todos os trabalhadores. "Lembro de um tempo em que não podíamos nos expressar. Muito apanhei da polícia. Mas muita coisa mudou em Novo Hamburgo por causa dessa luta. Temos conquistas importantes. Por isso, temos que manter sempre acessa essa chama."

Dignidade
"Nos últimos tempos vemos um clima de paz e diálogo, onde os radicalismos não são considerados saudáveis. É algo difícil de se buscar, mas que vemos amaducer ao longo dos anos", apontou Hoff. "Toda a nossa comunidade ganha com isso." O presidente da Casa contou um pouco de sua carreira profissional. "Comecei aos treze anos, como office boy. Aos 15, tive oportunidade em um escritório de contabilidade, onde fiqueipor 13 anos. Hoje sou contador, e tenho muito orgulho disso. Também tenho orgulho das histórias de trabalho da minha família. Trabalho é dignidade." Ele lamentou que ainda exista muita desigualdade no Brasil. "Nós, políticos e líderes, precisamos criar condições para que as ofertas de trabalho possam aumentar."

Conquistas
Ricardo Ritter – Ica (PTD), falando em nome de sua bancada e de Jesus Maciel (PTB) e Raul Cassel (PMDB), lembrou a importância do seu partido na garantia de proteção ao trabalhador, principalmente por meio de Getúlio Vargas. Ele lembrou que, hoje, há grande oferta de empregos. "Em Novo Hamburgo, sabemos da dificuldade de se encontrar mão de obra para a construção civil e outras áreas." O vereador apontou que, nos últimos anos, também houve aumento real dos rendimentos. 

As mulheres
Carmen Ries (PT) lembrou as mulheres que abriram caminho no mercado de trabalho, e ressaltou que essa conquista foi bastante difícil, chegando a custar vidas. "Agora, podemos negociar através do diálogo, mas a luta daquelas pessoas foi muito importante. Hoje, temos muitos direitos, e temos também que garantir que nossos filhos tenham os mesmos direitos." 

O sapateiro
O escritor Henrique Schneider leu um conto de sua autoria em homenagem ao Dia do Trabalhor. "O personagem principal é um sapateiro, mas quero que todos os trabalhadores sintam-se homenageados." O texto destacava o trabalho árduo e as mãos com calos e marcas do profissional. "Mas a vida deve ter marcas, e esses riscos são histórias para contar."

Perseverança
João Batista Xavier da Silva, da executiva da CUT, falou sobre as dificuldades na região, lembrando que até 2008 vários postos de trabalho foram perdidos. "Mais de 110 mil postos foram perdidos só no setor coureiro-calçadista até 2008. Mas nó tivemos perseverança na busca de alternativas. Em 2010, realizamos uma audiência pública com todos os prefeitos do Vale do Sapateiro. Em seguida, fomos a Brasília e conquistamos a taxação do calçado chinês. Com isso, recuperamos os empregos. Isso mostra que, com a política certa, o trabalhador ganha. Não queremos esmolas, queremos condições." Ele frisou que os sindicalistas estão também engajados na erradicação da miséria. "Queremos cada vez avançar mais. Queremos também o fim do fator previdenciário e da precarização, entre outras coisas."

Jair dos Santos, da Federação dos Sapateiros, destacou que a categoria faz parte da história de Novo Hamburgo – e que cerca de 60% dos profissionais da área são mulheres. "Dizem que quando os trabalhadores reivindicam alguma coisa, não estão sendo radicais. Mas em muitos casos as condições não são apropriadas." Ele lamentou que, muitas vezes, é preciso recorrer à Justiça para que os direitos sejam respeitados. "Será que quando se lamenta a falta de mão de obra qualificada, o problema não é a falta de salários dignos?", questionou. "Temos muito o que comemorar, também muito o que avançar."