TV Câmara - Festival de Cinema movimenta Novo Hamburgo e promove diversidade e inclusão

por Daniele Silva última modificação 12/09/2025 17h26
12/09/2025 - Novo Hamburgo recebe, entre os dias 12 e 15 de setembro, o TRETA Festival de Cinema e Performance Dissidente, com uma programação gratuita que inclui filmes, performances, oficinas, debates e feira de arte. O evento dá visibilidade à produção de pessoas trans, negras, indígenas e LGBTQIAPN+, e busca ampliar o acesso às linguagens artísticas e criar espaços de circulação para obras que, muitas vezes, não chegam ao grande público. Celebrando a iniciativa, o programa Espaço Livre promoveu uma conversa com os realizadores Maria Luiza Apollo, Pam Fogaça e Matheus Dias sobre cultura, trajetória e acesso ao audiovisual.
TV Câmara - Festival de Cinema movimenta Novo Hamburgo e promove diversidade e inclusão

Foto: Pyetra Trindade/CMNH

Agente cultural, artista visual e arte-educador, Pam Fogaça relembrou o início de sua carreira no teatro ainda na infância, caminho que o levou à graduação em Artes Cênicas na UERGS. Durante a formação, participou da criação do grupo Treta, formado por mulheres e pessoas dissidentes, e desenvolveu projetos que transitam entre artes cênicas, artes visuais, arte de rua e pesquisa com bonecaria.

Cineasta e produtora, Maria Luiza Apollo destacou os desafios da distribuição no cinema brasileiro e defendeu que festivais como o Treta são fundamentais para ampliar a circulação de obras dissidentes.

Já o artista visual Matheus Dias, que atua no ateliê da Casa da Praça e mantém parceria com a Escola Municipal de Arte Carlão, ressaltou como a troca de técnicas e saberes fortalece a cena cultural local, citando experiências em gravura e nas oficinas de bonecaria. Para ele, o evento é um espaço de acolhimento e troca. “Queremos registrar nossas vivências e compartilhar com a cidade.”

Segundo os organizadores, o festival nasceu do desejo de ampliar o acesso às artes e de criar espaços de visibilidade para produções dissidentes. “Estávamos conversando muito sobre como as leis de incentivo permitiram que produzíssemos mais filmes, mas o grande gargalo do cinema brasileiro é a distribuição. A ideia é pensar não só em fazer cinema, mas também em trazer o que outras pessoas fazem para dentro da cidade”, explicou Maria.

Os realizadores também ressaltaram a importância de discutir cotas e acesso a recursos culturais, para garantir que pessoas das comunidades possam produzir e contar suas próprias histórias. “Enxergamos a importância de falar sobre cotas, de debater isso e de como chegar na base. É alcançar as pessoas que muitas vezes não conseguem acessar lugares de arte e cultura”, salientou Matheus.

A curadoria do festival foi feita a partir de inscrições abertas, garantindo protagonismo às pessoas dissidentes não apenas nos temas, mas também nas funções de direção, atuação e produção. “Nunca sobre nós sem nós. Queremos mostrar que somos bons profissionais e artistas incríveis, reconhecendo e valorizando o trabalho uns dos outros”, afirmou Pam.

Outro ponto destacado foi a importância do fomento público. O evento conta com apoio do Fundo Municipal de Cultura (FunCultura). “Cultura é trabalho. Os editais permitem que artistas sejam remunerados com dignidade e que projetos como esse cheguem às comunidades”, disse Maria.

“Queremos proporcionar um lugar de encontro para olhar para quem faz audiovisual na cidade e fora dela, trazer produções de outros locais, promover debates e, principalmente, formar espectadores. Porque, quando se fala em polo audiovisual, geralmente se pensa em fazer cinema, mas também é essencial conversar sobre cinema, lê-lo como linguagem e como discurso”, finalizou Pam.

O Treta Festival ocupará a Casa das Artes, o Espaço Sideral e a Casa da Praça, buscando descentralizar as atividades e relacionar as narrativas ao território. O evento reúne artistas, oficinas, exposições e filmes.