Ruas da Vila Martin Pilger são nomeadas como Emília Heck e Vanderlei Rodrigues

por Tatiane Souza última modificação 12/11/2025 20h35
12/11/2025 – Em apreciação em primeiro turno, foram aprovados nesta quarta-feira, 12, dois projetos de lei que atribuem nomes a duas ruas do bairro Vila Nova, próximas à ERS-239. O PL nº 121/2025, de autoria do vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB), homenageia Emília Catarina Heck, agricultora natural de São Sebastião do Caí que adotou Novo Hamburgo como lar. Já o PL nº 122/2025, elaborado por Eliton Ávila (Podemos), presta reconhecimento à trajetória de Vanderlei Cardoso Rodrigues, um dos responsáveis pela regularização da Vila Martin Pilger, região na qual se localizam as duas vias até então sem denominação.
Ruas da Vila Martin Pilger são nomeadas como Emília Heck e Vanderlei Rodrigues

Foto: Moris Musskopf /CMNH

Os trechos que serão nomeados são perpendiculares entre si. A rua 1, localizada na confluência das ruas 2 e Capitão Rodrigo Cambará, passará a se chamar Emília Catarina Heck. Nascida em 25 de março de 1897, em São Sebastião do Caí, à época distrito de Montenegro. Após a morte do marido, Jacob Aloísio Heck, com quem teve 12 filhos, mudou-se para o bairro Rincão, onde residia com o filho Alicito. Ele e outros sete irmãos vieram ao Vale do Sinos em busca de melhores condições de vida. Ao falecer, em 16 de maio de 1976, Emília deixou, além dos filhos, 56 netos. 

Leia na íntegra o PL nº 121/2025. 

Vanderlei Rodrigues

Coube a Eliton Ávila nomear a rua 2 como Vanderlei Cardoso Rodrigues. A escolha foi motivada pela estreita ligação do homenageado com a área e por sua luta pela regularização da Vila Martin Pilger. “Para muitos, ele foi uma das figuras mais importantes nesse processo, atuando até seu último dia de vida com o mesmo compromisso e paixão”, destacou o parlamentar, que também lembrou a participação de Rodrigues no Sindicato dos Metalúrgicos, onde defendia os direitos da classe trabalhadora. 

Aos 35 anos, perdeu a vida em 20 de novembro de 2008 data simbólica em que se celebra o Dia da Consciência Negra e se homenageia Zumbi dos Palmares. “Ele foi um exemplo de cidadania, solidariedade e resistência. Negro, atuante e profundamente comprometido com as causas sociais, deixou sua marca em cada espaço que ocupou”, pontuou o proponente. 

Defesa do projeto

O vereador Eliton Ávila usou a tribuna para destacar a trajetória do homenageado. Acompanharam a votação do projeto, na tribuna de honra, os familiares do homenageado Vanderlei Cardoso Rodrigues: Neli Cardoso (mãe), Marizete Barbosa (esposa), Luana Rodrigues (filha), Luan Rodrigues (filho), Claudia Rodrigues (irmã), Chaiane Rodrigues (sobrinha) e João Rodrigues (irmão). “Nei viveu o seu ideal a cada dia, representando as causas que acreditava. Votar este projeto diante da família e dos comerciantes locais me deixa muito feliz. É um reconhecimento justo e merecido”, disse. O proponente lembrou que nome de rua não é um projeto qualquer. “Ele reconhece pessoas que entregaram o possível e impossível de si”, afirmou o parlamentar.

O vereador Enio Brizola (PT) destacou o orgulho de ter convivido com o homenageado, ressaltando que o Nei sempre demonstrou empenho e dedicação às causas dos trabalhadores e à luta pela regularização da Vila Martin Pilger. Segundo o parlamentar, o homenageado “ajudou a desenhar o projeto, dialogando com os moradores”. Brizola acrescentou ainda que “fazer esta homenagem, deste endereço, ter um CEP, é motivo de alegria; eu gostaria de morar nesta rua, com este nome glorioso. Viva a história deste guerreiro”, finalizou.

A vereadora Luciana Martins (PT) ressaltou a importância de ampliar a representatividade negra na denominação de ruas, praças e demais espaços públicos. Também reconheceu a trajetória de Vanderlei Cardoso Rodrigues no movimento sindical e sua contribuição para a regularização da Vila, destacando seu compromisso com o bem viver da comunidade. Mencionou ainda que, na próxima semana, será celebrado o Dia da Consciência Negra, momento de reflexão sobre a luta e a resistência do povo negro. Encerrou afirmando que “o voto vai além do sim”, pois simboliza o reconhecimento da história de um homem negro comprometido com sua comunidade, agora eternizada nas ruas de Novo Hamburgo.

Luana Rodrigues, filha do homenageado, usou a tribuna após aprovação de requerimento verbal por todos os vereadores. “Meu pai sempre lutou muito. Era simples, mas de uma grandeza que marcou a vida de todos que conviveram com ele. E da nossa amada vila, Sapo (nome carinhoso pelo qual a Vila Martin Pilger também é conhecida). Foi um lutador por um espaço para podermos chamar de lar. Ele sempre teve a força de unir as pessoas em torno de um propósito maior. O nome dele numa rua da nossa vila, onde nascemos e crescemos, é o reconhecimento da sua história, e prova de que não será esquecido. Ele deu tudo de si para que sua vila tivesse voz e espaço. Obrigada a todos pelo olhar. Não apenas em placa de rua, mas na história da cidade e no coração dos que acreditam que os que lutam por suas comunidades, a vida é eterna.”

Muito emocionado, o vereador Eliton Ávila concluiu dizendo que quem está na política por dinheiro escolheu o caminho errado. “Estamos aqui porque acreditamos em uma causa. Nem na posse fiquei tão emocionado como hoje, porque sei a importância deste reconhecimento. É viver na prática tudo o que acredito: só é possível combater as desigualdades, criando oportunidades. Nei sempre pensava nisso, assim como o meu mandato”, destacou.

Mesmo sem participar da votação, o presidente da Câmara, Cristiano Coller (PP), elogiou o desabafo do colega durante a apreciação do projeto, afirmando que é fundamental “jamais esquecer nossas origens e de onde viemos”. Encerrou parabenizando o homenageado e o vereador Eliton Ávila pela justa homenagem.

Leia na íntegra o PL nº 122/2025. 

Os projetos retornam à pauta na sessão da próxima segunda-feira, 17, em votação final. 

A aprovação em primeiro turno

Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.