Projeto aprovado extingue exigência de parecer técnico para alterações no Código de Edificações

por Daniele Silva última modificação 23/07/2025 20h32
23/07/2025 – Vigente desde 2016, o Código de Edificações de Novo Hamburgo pode receber alterações mediante projetos de lei encaminhados pelo prefeito ou por vereadores. As propostas, no entanto, devem ser acompanhadas de parecer emitido por uma comissão de assessoramento técnico, composta por arquitetos e engenheiros civis. Nesta quarta-feira, 23, a Câmara deu início à discussão de uma matéria para extinguir essa exigência. Enviado pelo Executivo, o texto foi aprovado por 12 votos a 2 em primeira votação.
 Projeto aprovado extingue exigência de parecer técnico para alterações no Código de Edificações

Foto: Moris Musskopf/CMNH

Conforme o Projeto de Lei Complementar nº 13/2025, a Comissão Permanente do Código de Edificações emitirá parecer sobre eventuais modificações apenas quando solicitado. A alteração, que retorna à pauta na próxima segunda, 28, é defendida pelo Executivo como uma forma de resguardar a autonomia de prefeito e vereadores na produção legislativa.

Apesar da mudança, a comissão manterá suas demais obrigações, detalhadas no código. O grupo conta com o trabalho de oito arquitetos e engenheiros, divididos entre servidores públicos e representantes de conselhos profissionais, associações e do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Feevale.

Sugestões

Outra novidade introduzida pelo PLC é a possibilidade de as entidades da sociedade civil encaminharem ao Executivo propostas de revisão do Código de Edificações. Atualmente, as sugestões de alteração são previstas apenas para o decreto que disciplina a Estrutura Técnica. Em ambos os casos, aí, sim, com a necessidade de parecer da Comissão Permanente.

Manifestação dos vereadores

O projeto foi aprovado com votos contrários da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), composta pelos vereadores Enio Brizola e Professora Luciana Martins. Na tribuna, Luciana questionou a ausência de parecer técnico para a votação da proposta e indagou se entidades de classe e representantes da categoria haviam sido consultados sobre as mudanças sugeridas pelo Executivo.

Em defesa do projeto, Joelson de Araújo (Republicanos) afirmou que o objetivo da proposta é desburocratizar os processos no município. “Se dependermos hoje dos engenheiros, nossa cidade não vai sair do chão nunca”, declarou. Ele citou o exemplo de um pontilhão condenado, cuja situação foi apontada pela própria vereadora Luciana dias antes, e que, segundo ele, segue sem solução. O parlamentar criticou a lentidão dos setores técnicos e disse ser necessário romper com a “mesmice dos governos passados” e dar mais agilidade à gestão municipal.

Giovani Caju (PP) apoiou o posicionamento do colega do Republicanos, relatando que alguns servidores municipais chegaram a ser apelidados de “tranca-rua”, em referência à demora na liberação de projetos.

Ex-secretário de Obras, Enio Brizola (PT) saiu em defesa dos servidores e destacou que as principais obras da cidade foram desenvolvidas internamente pela engenharia do Município, que ele considera uma das melhores do estado. Como exemplo, citou o projeto do extravasor da rua Ícaro, desenvolvido pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), que reduziu significativamente os alagamentos históricos na região. Lembrou ainda que os projetos das UPAs e diversas obras vinculadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também foram elaborados pela equipe técnica da Prefeitura. Segundo ele, muitos atrasos decorrem da falta de recursos, ferramentas e tecnologias adequadas para a elaboração dos projetos.

Ito Luciano (Podemos), que também já esteve à frente da Secretaria de Obras, ponderou que a crítica não é dirigida a todos os servidores da área técnica, mas reconheceu que existem profissionais que, de fato, acabam emperrando o andamento dos processos internos.

A aprovação em primeiro turno

Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. O resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro turno e rejeitado em segundo – ou vice-versa.