Moradores da Integração temem novos alagamentos após proposta de área industrial em Lomba Grande

por Daniele Silva última modificação 27/11/2025 22h18
27/11/2025 – A audiência pública realizada no final de outubro para debater o novo Plano Diretor de Novo Hamburgo reacendeu uma antiga preocupação dos moradores do Loteamento Integração, em Lomba Grande. No encontro promovido pela Prefeitura, foi apresentado um projeto que prevê o aterramento de uma área no bairro rural para a implantação de um distrito industrial. A medida, segundo os residentes, pode agravar os alagamentos na localidade, fortemente atingida pelas enchentes de 2024.
Moradores da Integração temem novos alagamentos após proposta de área industrial em Lomba Grande

Foto: Daniele Souza/CMNH

Diante da apreensão, Anderson Morbach e Jonathan Marmit, representantes da Associação de Moradores da Vila Integração, participaram da reunião da Comissão de Direitos Humanos (Codir) na manhã desta quarta-feira, 26. Durante o encontro, relataram a ausência de medidas efetivas para mitigar os impactos das cheias no último ano e denunciaram o que classificam como abandono da comunidade pelo poder público. 

Morbach afirmou que diversos protocolos foram abertos solicitando melhorias nas estradas e nos serviços públicos da região, mas que raramente obtêm retorno. Morador da área mais baixa do loteamento, ele contou que sua residência ficou completamente submersa na enchente do ano passado e que as inundações recorrentes do Rio dos Sinos vêm provocando o esvaziamento progressivo da localidade, além da desvalorização dos imóveis. “Parece que há uma preocupação maior com bairros como Canudos e Santo Afonso. A Integração, que enfrenta problemas semelhantes, acaba invisibilizada”, lamentou. O loteamento existe há cerca de 40 anos e abriga aproximadamente 880 moradores. 

Jonathan Marmit relatou que, após a construção da Avenida dos Municípios, as enchentes se tornaram mais frequentes. Ele acredita que projeto apresentado, que prevê o aterramento de uma área de esponjamento do rio para a implantação de indústrias, pode piorar a situação. “Não somos contra o desenvolvimento do município, mas ele precisa ser justo e sustentável, pensando nas pessoas”, afirmou.

Ele lembrou ainda que há projeto para a transferência da EMEB Helena Canho Sampaio da área de risco, o que, segundo ele, tende a agravar ainda mais as condições de vida das famílias. “Vão nos isolar da educação, mas nossos problemas continuarão sem solução”, declarou. Marmit também criticou a cobrança de dívidas de IPTU de moradores que tiveram suas casas atingidas pelas cheias. 

A presidente da Codir, Professora Luciana Martins (PT), informou que o Movimento Roessler para Defesa Ambiental já ingressou com denúncia no Ministério Público contra a proposta. Ela ressaltou a importância de ouvir especialistas técnicos para buscar soluções efetivas aos alagamentos enfrentados pela comunidade. 

O vereador Enio Brizola (PT) recordou que, ainda durante a audiência pública, se posicionou contra a proposta de edificação sobre a bacia de esponjamento do rio. Segundo ele, o tema não é novo no Legislativo e já foi debatido tanto por vereadores quanto por profissionais da área de Engenharia.

Brizola defendeu a execução de obras integradas de contenção ao longo de todo o curso do Rio dos Sinos, desde sua nascente em Caraá. O parlamentar também citou investimentos federais na melhoria do dique do bairro Santo Afonso e no programa Compra Assistida, que viabiliza moradias a famílias atingidas. “Temos 18 arroios em Novo Hamburgo, somos uma cidade assentada sobre a água. Esta é uma luta ambiental, por moradia e por educação, uma luta de todos. Precisamos de uma grande mobilização para impedir que esse projeto se concretize”, enfatizou. 

Durante a reunião, o vereador Eliton Ávila (Podemos) entrou em contato com servidores da Diretoria de Esgotos Pluviais e foi informado de que o Governo do Estado está realizando estudos sobre toda a área da Bacia do Sinos. O parlamentar reforçou a necessidade de mobilização da comunidade.

Ao final, Luciana Martins apontou um descompasso entre as ações da administração municipal e as reais demandas da população, observando que intervenções realizadas, como no bairro Santo Afonso, foram viabilizadas com recursos do Governo Federal. A vereadora sugeriu que os representantes organizem assembleias com os moradores para ampliar o debate e fortalecer a mobilização comunitária.