Cidadã fala sobre a campanha Banco Vermelho e o enfrentamento à violência contra a mulher

por Tatiane Souza última modificação 22/05/2025 13h02
22/05/2025 – A Câmara de Novo Hamburgo abriu espaço na sessão plenária desta quarta-feira, 21, para uma fala urgente sobre o enfrentamento à violência contra a mulher. O requerimento verbal foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares. A convite do vereador Eliton Ávila (Podemos), Madalena Soares, também integrante do partido, usou a tribuna para apresentar a campanha Banco Vermelho, uma iniciativa internacional de conscientização sobre o feminicídio e outras formas de violência de gênero.
Cidadã fala sobre a campanha Banco Vermelho e o enfrentamento à violência contra a mulher

Foto: Moris Musskopf /CMNH

Na véspera, dia 20 de maio, Madalena já havia conduzido uma ação alusiva ao movimento na sede municipal do Podemos. A atividade contou com a presença dos vereadores Daia Hanich (MDB), Deza Guerreiro (PP), Ito Luciano (Podemos) e do próprio Eliton. A Procuradoria Especial da Mulher da Câmara também esteve representada.

“Propomos uma reflexão sobre o papel da mulher, do homem e de toda a sociedade que está sendo destruída pela violência doméstica”, destacou Madalena. “Estar falando aqui hoje, em um espaço de poder, é muito importante. Convido a todos a abraçarem esse movimento de conscientização. Essa é uma luta que precisa ser ampliada, e os homens também devem assumir o compromisso de proteger a sociedade e fortalecer as políticas públicas.”

Com firmeza, ela declarou: “Devemos, sim, meter a colher em briga de marido e mulher.” Madalena alertou para o alarmante número de 27 mulheres gaúchas assassinadas nos últimos dois meses, vítimas de feminicídio. “Muitas, por medo, não conseguem falar sobre o que vivem em casa. Não conseguem dizer que não suportam mais. Precisamos dessas mulheres no mercado de trabalho, precisamos de abrigos. A rede de apoio vai muito além de uma medida protetiva. A violência é muitas vezes invisível, embutida e mascarada. O feminicídio mata a nossa sociedade.”

Lei do Banco Vermelho

Durante sua fala, Madalena destacou a Lei nº 14.942/2024, sancionada pelo Governo Federal. O Banco Vermelho foi instituído como símbolo nacional de enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio. A norma determina a instalação de bancos vermelhos em espaços públicos com mensagens de conscientização e, além disso, estimula campanhas educativas em escolas, universidades e espaços públicos, promovendo a cultura da paz e o respeito às mulheres. A legislação também prevê parcerias com entidades públicas e privadas para a realização de ações de combate à violência de gênero.

Ciclo da violência e políticas públicas

Madalena reforçou que o feminicídio — o assassinato de mulheres em razão do gênero — é uma realidade alarmante, com impactos profundos nas famílias e na sociedade. “Muitas vezes, o ciclo da violência começa com agressões psicológicas, evolui para agressões físicas e termina com a perda da vida. Ainda vivemos em uma cultura que naturaliza essa violência em muitas situações”, observou.

Ela defendeu a criação de abrigos seguros, programas de autonomia financeira, atendimento jurídico e psicológico gratuito e uma educação baseada na equidade de gênero. “Parece óbvio, mas não é: mulheres pretas, periféricas, trans, indígenas, com deficiência, idosas e lésbicas são ainda mais vulnerabilizadas por uma sociedade que insiste em invisibilizá-las”, declarou.

Ela também reforçou o uso do número 180, da Central de Atendimento à Mulher, como canal fundamental de denúncia e orientação – canal gratuito e anônimo.

Por fim, Madalena destacou a importância da Justiça Restaurativa de Novo Hamburgo como um instrumento essencial na promoção da cultura de paz e na reconstrução de laços sociais rompidos pela violência.

registrado em: