Gerente de Igualdade Racial destaca avanços e cobra mais visibilidade à população negra

por Daniele Silva última modificação 24/11/2025 19h30
24/11/2025 - Por requerimento verbal do vereador Giovani Caju (PP), o gerente de Igualdade Racial, Jeferson Mendes, participou da sessão desta quarta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra. Na tribuna, ele exaltou a data, feriado nacional desde o ano passado, celebrou conquistas recentes e fez um desabafo sobre a falta de visibilidade da população negra hamburguense.
Gerente de Igualdade Racial destaca avanços e cobra mais visibilidade à população negra

Foto: Pyetra Trindade/CMNH

“Hoje é véspera de um dia muito importante para a comunidade negra, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, uma data essencial para a luta e a valorização do nosso povo. Ao longo deste mês, diversas ações estão sendo desenvolvidas em parceria com entidades, escolas de samba, a comunidade negra e toda a população hamburguense”, afirmou.

Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação (SDSH), a Gerência de Políticas Públicas da Igualdade Racial, segundo Mendes, não atua apenas na promoção de eventos, mas conduz ações estruturantes. Ele destacou o pedido feito ao prefeito Gustavo Finck, ainda no início do mandato, para reativar o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR), que já abriu edital para as eleições e retomada completa das atividades. A gerência também atende indígenas, quilombolas, religiões de matriz africana e mais de 2,3 mil imigrantes.

Entre outras ações, Mendes ressaltou a parceria com a Central Única das Favelas (Cufa NH), que terá uma sede fixa no município para desenvolver projetos e iniciativas sociais. “Uma conquista histórica e muito aguardada pela comunidade, que reconhece o valor do trabalho realizado pela instituição”, disse. A instalação da Cufa em Novo Hamburgo já resultou na participação de oito projetos da cidade na Expo Favela 2025. Um deles, o Território Afro Sagrado, do jornalista e fotógrafo Leonardo Rosa, ficou no Top 5 estadual e representará o município na etapa nacional, que ocorre em São Paulo nos dias 29 e 30 de novembro.

Mendes também comemorou a liberação, a partir do ano que vem, da realização da feira de afroempreendedores na região central da cidade – demanda que se arrasta há quase três anos. Ele pediu sensibilidade da Câmara para com esse público, que representa 15% da população hamburguense e ainda enfrenta preconceito e falta de oportunidades. Ressaltou ainda que boa parte do trabalho do setor só tem sido possível graças a parcerias com entidades e coletivos do movimento negro, devido à falta de recursos próprios.

Ao final, convidou os vereadores para duas atividades programadas. No dia 26, às 13h, na Casa das Artes, ocorre o seminário “O Cuidado em Rede como Ferramenta Antirracista: análises, reflexões e caminhos para a saúde da população negra”, que discutirá equidade racial no SUS. À noite, na sede da OAB/NH, será realizada a palestra “Novembro Negro: letramento racial em ambiente escolar”.

 

Manifestação dos vereadores

Giovani Caju elogiou o trabalho desenvolvido pela gerência e reconheceu que, embora ainda haja muito a ser feito, diversas ações têm avançado.

O presidente da Câmara, Cristiano Coller (PP), questionou Mendes sobre sua atuação no governo anterior e afirmou que o Legislativo não pode ser responsabilizado pela falta de políticas voltadas à população negra.

Eliton Ávila (Podemos) destacou que poucas gerências de políticas públicas estão ativas no momento e parabenizou o gestor de Igualdade Racial por manter o trabalho mesmo com recursos escassos. Ele lembrou que a Comissão de Direitos Humanos (Codir) da Câmara cobra a retomada do CMPIR desde o início do ano e afirmou que, na gestão anterior, não havia interesse político em reativar o colegiado.

Ito Luciano (Podemos) recordou a indicação de sua autoria pela retomada da feira afro no Centro e uma reunião realizada com o secretário de Cultura, Angelo Reinheimer, para tratar das demandas dos afroempreendedores. O vereador também manifestou apoio à realização do carnaval como importante manifestação cultural.

Autodeclarada parda, Deza Guerreiro (PP) enalteceu o trabalho da gerência e reforçou a importância de trazer a pauta racial para o debate legislativo. “A gente precisa lutar por políticas públicas”, afirmou.

Professora Luciana Martins (PT) mencionou o apagamento histórico da população negra em Novo Hamburgo e no Brasil. Disse ainda que houve apontamento na prestação de contas da ex-prefeita Fátima Daudt por não implantar o CMPIR e que ela, junto à Codir, cobra sua efetivação desde o início do ano. Também reforçou a necessidade de destinar orçamento adequado à Gerência de Igualdade Racial.