Comissão vistoria unidades de saúde devido à demanda de atendimentos por casos de dengue
A primeira parada foi na UPA Canudos, onde foram recebidos pelo coordenador médico, Rommel Fabrício Pereira, a coordenadora de enfermagem, Maiane Trindade, a enfermeira Deise Godoes, e a diretora de Gestão Ambulatorial e Atenção Básica de Saúde, Maristela Silva. Acompanharam as visitas também as assessoras jurídicas da Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH) Adriana Selzer e Fabiana Pires. Presidente da Codir, Brizola falou que o intuito da visita foi verificar como o município está organizado para receber essa grande demanda de infectados que buscam diariamente por atendimento. Lourdes e Felipe relataram que seus gabinetes recebem diversas reclamações sobre o tempo de espera nas unidades.
O coordenador explicou que existem diversos fatores que impactam na demora do atendimento. Um deles é a falta de laboratório no local, o que implica tempo de envio do material coletado e espera para o retorno dos resultados dos exames. Outra questão é o número de poltronas e a limitação do espaço físico. “Posso colocar dez médicos atendendo, mas só consigo medicar oito pacientes por vez. Tivemos reforço de médicos, mas não da equipe de enfermagem e são eles que aplicam as medicações”, ressaltou Pereira, lembrando que muitas vezes há demora no chamamento porque existem intercorrências e situações de emergência acontecendo dentro da unidade de saúde. “No mês passado, só de atendimentos adultos foram 6126. O maior número desde a inauguração da UPA.” Ele relatou ainda problemas de insalubridade que ocorreram na UPA, mas que mesmo assim não afetaram o trabalho realizado pelos profissionais de saúde.
Brizola questionou a diretora Maristela sobre a possibilidade de criação de estruturas de campanha, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19. Responsável pelas Unidades Básicas de Saúde e pela Estratégia de Saúde da Família, ela lembrou que muitos desses espaços ampliaram seus horários de atendimento, inclusive para os finais de semana. “Essa questão de recursos financeiros não é do meu conhecimento, mas posso te dizer que nas UBSs estamos sempre organizando os profissionais de acordo com a demanda das localidades e, inclusive, com espaços extras para hidratação em casos de dengue.” Ela enfatizou ainda que as unidades básicas estão fazendo testes rápidos de dengue. Então, em caso de suspeita com sintomas clássicos como febre, dor de cabeça e nas articulações, o enfermo pode buscar uma UBS. No entanto, com qualquer tipo de sangramento é preciso procurar uma UPA ou o hospital.
Os vereadores Brizola e Lourdes visitaram ainda outros três locais. De acordo com a coordenadora da UBS Canudos, Taise Trevisan, são realizadas cerca de 180 consultas diárias, além de outros atendimentos agendados. Hoje, segundo ela, quase 80% dos pacientes são casos de dengue. A unidade opera com nove clínicos gerais, três ginecologistas e três pediatras. Há auxílio também, assim como em outros postos, de estudantes de Medicina da Universidade Feevale.
Com movimentação menor do que o habitual, conforme os próprios funcionários, a UBS Santo Afonso possui, há alguns dias, um espaço adaptado para hidratação de pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypti. A equipe, inclusive, recebeu um médico só para atender esses casos. Segundo a coordenadora Caroline Tejada, são recebidas cerca de 150 pessoas/dia, mas a demanda vem aumentando semanalmente.
A abertura de um anexo, na semana passada, tem auxiliado no tratamento de pacientes com dengue que chegam na UPA Centro. De acordo com a coordenadora, Adriana Schuh, a estrutura tem conseguido dar conta da quantidade de pacientes que buscam o serviço diariamente. Em março, foram 9.337 atendimentos, em comparação à média de pouco mais de 5 mil nos meses anteriores.
Conforme relato de médicos e enfermeiros, a procura em tempos de epidemia de dengue tem sido maior do que no período da Covid-19. No percurso entre os bairros, os parlamentares verificaram diversos pontos com acúmulo de resíduos. Entre eles, o terreno onde ficava a antiga Aços Plangg, em Canudos, e próximo ao porto seco, na Rondônia. Situação que pode agravar o quadro da doença em Novo Hamburgo.
Os vereadores demonstraram também preocupação com a saúde dos técnicos que atuam no setor, especialmente devido à previsão de um pico de casos nas próximas semanas. “A comunidade cobra que a gente venha mais. Nós entendemos as limitações e toda a situação estrutural da saúde. Não queremos explorar fatos, queremos melhorar a qualidade do serviço tanto para a população quanto para os servidores. Estamos documentando tudo, para fazer os devidos encaminhamentos. E ficamos à disposição, pois a busca constante por diálogo é a marca desse parlamento”, frisou o presidente da Codir.