Comissão visita aterro de disposição final dos resíduos de Novo Hamburgo

por Daniele Silva última modificação 21/06/2022 17h29
15/06/2022 – De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), no Brasil ainda existem 2.612 lixões a céu aberto, mesmo já havendo passado mais de uma década da publicação da Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A legislação trata da responsabilidade dos municípios e institui como diretrizes a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Para verificar a destinação dos resíduos gerados em Novo Hamburgo, uma comitiva composta por integrantes da secretaria municipal (Semam) e da Comissão de Meio Ambiente da Câmara (Comam) visitou o aterro sanitário da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR) na cidade de Minas do Leão. O local recebe cerca de 4,3 mil toneladas de rejeitos hamburguenses mensalmente.
Comissão visita aterro de disposição final dos resíduos de Novo Hamburgo

Foto: Rodrigo Westphalen/CMNH

O vereador Ricardo Ritter – Ica (PSDB), a diretora de Limpeza Urbana da Semam, Cristiane Hermann, e a gerente de limpeza e coleta de resíduos, Paloma Alves, foram recebidos pelos engenheiros Henrique Antunes, coordenador do complexo Minas do Leão, e Pierre Souza, responsável pela operação do aterro e biogás. A Central de Resíduos do Recreio (CRR), como é chamada a unidade de Minas do Leão, entrou em operação em 2001 e utiliza cavas geradas pelo processo de mineração de carvão. O espaço recebe resíduos domiciliares de quase cem municípios, abarcando aproximadamente 40% da população gaúcha. A empresa, licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), realiza o tratamento dos efluentes líquidos, transformando em água para uso industrial, e faz a queima do biogás, eliminando até 98% do metano – principal gás produzido pela decomposição biológica dos resíduos – e gerando energia. Além disso, promove também projetos sociais e de educação ambiental.

Todo o trabalho feito pela secretaria, de coleta, triagem e com as cooperativas, se encerra em Minas do Leão. Algumas questões técnicas verificadas, conforme a diretora, possibilitarão a melhoria do trabalho enquanto prefeitura e cliente da CRVR. “Novamente discutimos a importância da sensibilização da comunidade no processo de separação. O que falta ainda é poder aproveitar mais os resíduos, fazer com que eles voltem para a cadeia produtiva, para que a gente não precise enterrar.” Cris Hermann destacou também a possibilidade de parceria com a empresa para ampliar ações de educação ambiental voltadas a professores e estudantes de Novo Hamburgo.

Servidora responsável pelo contrato com a empresa, Paloma afirmou que o valor pago pelo município é de R$ 125,38 por tonelada, ou seja, cerca de R$ 540 mil mensalmente. Segundo a gestora, a visita confirma que a disposição final dos resíduos é feita corretamente, com uma empresa licenciada e que atende a todas as normas técnicas. “É importante a gente ver aqui como funciona e levar para a comunidade a conscientização de separar os seus resíduos, porque o que vem para cá são os rejeitos. E o que está muito misturado, a gente não consegue reaproveitar. Retornar à cadeia produtiva significa trazer menos para o aterro sanitário”, enfatizou.

Presidente da Comam, Ica ressaltou a importância de conscientizar a população visando a reduzir a geração de rejeitos. “O que vemos aqui são montanhas de lixo, não só de Novo Hamburgo, mas de vários outros municípios. Esse lixo, no futuro, também irá impactar a humanidade. Então, temos que trabalhar cada vez mais junto às pessoas para menos lixo produzirem e para que resíduos recicláveis não sejam contaminados com o orgânico.” O vereador destacou também a infraestrutura do aterro, licenciado para receber até 4 mil toneladas por dia. “Vendo aqui hoje essa destinação a gente até fica, de certa forma, mais tranquilizados. Mas quanto o Município gasta? São números impressionantes que a nossa população pode ajudar a reduzir”, ponderou.

Para o coordenador da unidade, a visita dos representantes municipais valoriza o trabalho e mostra a qualidade e a importância da empresa para o setor ambiental, com transformação dos resíduos em energia e água de reúso. “A Região Metropolitana abriga nossos principais clientes, e entre eles está Novo Hamburgo. É importante mostrar ao munícipe o investimento no meio ambiente, sempre reforçando a questão da reciclagem e da redução da geração de resíduos”, finalizou Antunes.

Sobre a Central de Resíduos do Recreio

Projetada para uma capacidade total de 23 milhões de toneladas, com prazo de operação estimado em cerca de 20 anos, a Central está instalada em uma área de 129 hectares, dos quais 84 são reservados para receber resíduos. Com o objetivo de reduzir os gases causadores do efeito estufa, em janeiro de 2007 o projeto de captura e queima do biogás gerado no aterro foi aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso, a CRR foi autorizada a operar no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. Em 2015, a empresa inaugurou uma unidade de geração de energia, tendo como combustível o aproveitamento do biogás obtido da decomposição dos rejeitos depositados. A unidade geradora tem uma potência de 8,5 MW/h, podendo atender uma população de aproximadamente 100 mil habitantes.