Câmara recebe representantes do 3º BPM para apresentação de indicadores de segurança pública

por Tatiane Souza última modificação 26/06/2025 12h57
25/06/2025 – A convite da vereadora Deza Guerreiro (PP), o comandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), capitão Gilson Borges Nunes, e a major Carine Reolon participaram da sessão ordinária da Câmara de Novo Hamburgo nesta quarta-feira, 25. O objetivo foi apresentar os principais indicadores de criminalidade registrados no município, além de reforçar o diálogo entre o Legislativo e as forças de segurança.
Câmara recebe representantes do 3º BPM para apresentação de indicadores de segurança pública

Foto: Moris Mozart Musskopf /CMNH

A vereadora Deza Guerreiro destacou que a segurança da população é pauta constante e essencial e que a aproximação entre os poderes públicos e as instituições que lutam por ela é fundamental. “Reconhecemos o trabalho que vem sendo desenvolvido e colaboramos, dentro das nossas possibilidades, com medidas e políticas que possam fortalecer a tranquilidade e o bem-estar de nossos cidadãos”. Segundo a parlamentar, a presença na BM na Câmara reforça o compromisso da corporação com a comunidade e com a transparência na gestão da segurança pública.

Durante a exposição, o capitão Gilson compartilhou dados do Sistema Avante, da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs), com recortes estatísticos referentes ao período de janeiro a junho, entre os anos de 2018 e 2025. Os gráficos revelam a evolução de ocorrências como homicídio doloso, roubos e furtos de veículos, crimes contra pedestres, residências e estabelecimentos comerciais. Em todos eles, há uma queda significativa nos índices.

Novo Hamburgo é dividido em três grandes áreas de atuação da Brigada Militar, explicou o capitão, ao se referir à divisão territorial operacional feita para otimizar o patrulhamento e a resposta às ocorrências. Esse modelo, segundo ele, também facilita a atuação integrada entre Brigada Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal, permitindo que investigações, ações preventivas e atendimentos emergenciais sejam coordenados com mais agilidade. “Estamos em constante troca de dados e informações que auxiliam na prevenção e resolução de crimes. É preciso apontar o quanto é fundamental que os cidadãos façam o registro de ocorrências das situações de criminalidade. Sem isso, não temos como saber o que está acontecendo. Precisamos dos dados para definir estratégias e resolver os casos”, frisou o capitão. 

 

Panorama da Segurança em Novo Hamburgo (jan-jun 2025)

  • Homicídio Doloso: índice caiu de 19 para 9 registros no comparativo entre 2018 e 2025. Incluem-se na estatística feminicídios, brigas de vizinhos e outros crimes com intencionalidade.

  • Roubo a Pedestre: queda de 87%. O celular continua sendo o principal bem subtraído, utilizado como moeda de troca por entorpecentes. Muitos são revendidos para empresas que atuam de forma clandestina ou são utilizados para, via aplicativos instalados, forjar golpes virtuais.

  • Furto de veículo: redução de 56% desde 2018, mantendo tendência de queda.

  • Furto com arrombamento: registrou aumento em 2022, especialmente em áreas comerciais. Em 2025, apresentou queda de 45% em relação a 2018.

  • Roubo a residência: apresentou retração nos últimos anos, com índice de redução de 76%.

  • Roubo a estabelecimentos (comercial, financeiro e ensino): queda expressiva de 91%, graças ao trabalho integrado com comerciantes e ao uso de grupos de alerta que acionam rapidamente as guarnições.

  • Roubo de veículo: estabilização após quedas sucessivas entre 2021 e 2023. Em 2025, também apresenta redução de 91% no comparativo geral. 

Durante sua fala, o capitão Gilson reforçou a identidade apartidária da instituição, que “toda vida importa” e que o combate à criminalidade deve considerar todos os tipos de casos — desde os associados ao tráfico até conflitos entre vizinhos.

 

Apontamento dos vereadores

Felipe Kuhn Braun (PSDB) ressaltou a sensação de segurança que sente tanto em relação à Brigada Militar quanto à Polícia Civil, especialmente após a divulgação dos gráficos. Giovani Caju (PP) destacou que a impressão de que a violência aumenta é pela velocidade na divulgação das informações. O vereador, que também é comerciante, contou que teve seu estabelecimento arrombado 17 vezes. 

Juliano Souto (PP) enfatizou a postura a favor da polícia, e que os profissionais devem ter um ótimo salário, além de aparatos e armamentos modernos. Segundo ele, para enfrentar facções e traficantes que andam com fuzis de última geração, a polícia tem de ter condições apropriadas de enfrentamento. “Vocês são guerreiros. Muitos saem de casa para cumprir com o dever e acabam não voltando”, lastimou.

Professora Luciana Martins (PT) ressaltou a importância da Patrulha Maria da Penha e parceria da major Carine Reolon no trabalho da Rede Integrada Laço Lilás e da Procuradoria Especial da Mulher. A vereadora afirmou que o sentimento é de alento quando se tem o conhecimento de que todos os indicativos apresentados estão em decréscimo. “Fica um desafio, porque temos uma sensação de que estamos em uma cidade insegura, um descompasso entre os números e a sensação”. A parlamentar ainda apontou que a BM precisa ser valorizada. “Reconhecemos o trabalho de vocês, mas nos preocupamos porque o salário dos policiais militares do Rio Grande do Sul ocupa a 18ª posição no ranking entre os estados brasileiros. É uma das menores remunerações do Brasil. Precisamos reverter esta situação”, alertou.

O capitão Gilson explicou que a corporação entrega um policiamento ostensivo para que os cidadãos se sintam seguros. Em contraponto, as redes sociais trazem pavor. “É um grande desafio para nós”, disse. A major Carine reiterou a fala do colega e contou sobre o aporte de soldados estagiários, em torno de 45, e o quanto o policiamento realizado a pé, em dezembro passado, refletiu positivamente nos dados da criminalidade da cidade. “É uma modalidade que funciona muito bem.”

Ito Luciano (Podemos) questionou o que falta para que, efetivamente, os criminosos sejam mantidos presos. “Leis mais rígidas”, perguntou. A major salientou que esta é uma realidade difícil para todo o país. “Transformar esta questão, que é um problema sistêmico e não somente de leis, depende de implementação, interpretação e de todo um viés que não temos como apontar um só culpado”, mencionou.

Estratégia e inteligência

A major Carine Reolon detalhou a atuação da Brigada Militar no município e ressaltou a importância do programa Avante enquanto sementinha na implementação da Gestão de Segurança Estratégica Governamental (GSEG). Segundo ela, a iniciativa permite o uso de dados estatísticos para melhorar a alocação de recursos, como efetivo policial e viaturas. “Desde que integramos o programa RS Seguro, realizamos reuniões semanais de governança com instituições fundamentais. Acompanhamos o que cada órgão fez para conter os índices e nortear ações de forma mais segura. Temos o compromisso de prestar contas à sociedade”, afirmou. 

A major também destacou a visibilidade nacional conquistada por boas práticas locais, como a expressiva redução nos casos de roubo a pedestres, que levou a Brigada Militar de Novo Hamburgo a apresentar seus resultados no Palácio Piratini. Carine ainda reforçou a evolução tecnológica no enfrentamento ao crime. Segundo ela, em 2018, ainda não se tinha redes sociais tão difundidas nem tanto acesso ao WhatsApp. Hoje, o cuidado com a divulgação de dados é redobrado, pois as informações circulam com muita velocidade.

Sobre o aumento pontual no roubo de veículos registrado em maio de 2025, a oficial explicou que a análise dos dados permitiu identificar e desarticular uma quadrilha responsável pelos crimes. “Passamos de 15 ocorrências para apenas uma, graças à rápida resposta e à integração entre as forças de segurança”, completou.

A fala da major recebeu apoio da vereadora Daia Hanich (MDB), que é policial civil. Ela compartilhou o sentimento de insegurança vivido diariamente pelos profissionais da área. “Mesmo pertencendo a corporações diferentes, dividimos o mesmo medo: não saber se voltaremos para casa. Já passei por situações em que fiz prisões, deixei meus filhos em casa, e menos de 24 horas depois os criminosos estavam soltos novamente. Isso desmotiva, mas cada vida salva justifica toda uma carreira.”

O vereador Ricardo Ritter – Ica (MDB) mencionou na sessão a frustração com o sistema, pois mesmo crimes como latrocínio acabam passando pela audiência de custódia e, muitas vezes, os suspeitos são soltos em poucas horas. "Isso não significa falha da Brigada ou da Polícia Civil, mas sim a aplicação do modelo legal vigente", refletiu.

Entre os avanços tecnológicos mencionados, destacou-se o uso de um sistema de identificação de veículos por características visuais, alimentado por câmeras adquiridas por cidadãos e comerciantes. A ferramenta, que não é uma câmera de segurança comum, fortalece a atuação da inteligência da Brigada, permitindo buscas mais precisas, mesmo sem o registro da placa. Segundo os convidados, o Consepro (Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública) tem sido um parceiro ativo em Novo Hamburgo.

Os parlamentares reforçaram o compromisso em manter o diálogo aberto com os órgãos de segurança e contribuir, dentro de suas atribuições, para políticas públicas que assegurem mais tranquilidade e qualidade de vida à população hamburguense.

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