Câmara aprova projeto sobre Semana da Educação Financeira no município
Segundo dados de agosto da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 30,4% das famílias brasileiras possuem contas em atraso, o maior nível de inadimplência desde o início da série histórica, em janeiro de 2010. Além disso, 78,8% enfrentam algum tipo de endividamento, decorrente do uso de cartões de crédito, cheque especial, empréstimos ou pagamento de prestações. “A falta de planejamento contribui diretamente para esses números, uma vez que a população não foi educada financeiramente e se depara apenas com os ‘benefícios’ dos créditos disponibilizados pelos bancos”, avalia Eliton Ávila.
Para o vereador, a aprovação Substitutivo nº 3/2025, novo formato do PL nº 66/2025, pode contribuir para alterar esse cenário. “Entendo que, quanto mais informações e ferramentas estiverem acessíveis à população, menos frágil financeiramente ela se tornará”, afirma o parlamentar, que destaca a importância de introduzir os conteúdos já nas escolas municipais. “O conhecimento prévio dos adolescentes pode interferir diretamente na vida adulta posteriormente”, pontua o autor.
A posição dos parlamentares
O vereador Eliton Ávila (Podemos) defendeu a aprovação de sua matéria e reforçar a importância da iniciativa. “Como munícipes, talvez não colhamos os resultados imediatos, mas este projeto traz um diálogo essencial com a população a médio e longo prazo. Hoje, muitas famílias enfrentam problemas com endividamento e com órgãos como o Serasa. Se as gerações passadas tivessem estudado educação financeira, certamente os números de inadimplência seriam diferentes.
Daqui a cinco ou dez anos, esperamos que a população de Novo Hamburgo viva uma realidade melhor, mais consciente, responsável e coerente financeiramente. A proposta é voltada a todos, mas tem foco especial em conscientizar as crianças, para que cresçam entendendo o valor do planejamento e do equilíbrio.
Já temos escolas, como a Escola Municipal Martha Wartenberg, que desenvolvem essa temática em feiras e atividades pedagógicas. O projeto busca ampliar essas ações para toda a rede municipal, levando oficinas e abordagens práticas. É uma iniciativa que forma cidadãos e cidadãs com responsabilidade fiscal e financeira”, destacou o parlamentar ao pedir o voto favorável dos colegas.
A vereadora professora Luciana Martins (PT) destacou que o projeto dialoga diretamente com políticas nacionais voltadas à educação financeira. “Em junho, o governo federal lançou o programa Na Ponta do Lápis, do Ministério da Educação, que incentiva o ensino de educação financeira nas escolas. Essa iniciativa do MEC vai servir de base para que os municípios possam implementar suas próprias políticas e desenvolver o tema”, explicou.
Luciana ressaltou ainda que a aprovação do projeto abre espaço para ampliar o debate dentro da rede municipal. “Tenho certeza de que nossas escolas desenvolverão diversas ações além do calendário oficial, estimulando os estudantes a refletirem sobre o uso consciente do dinheiro e dos recursos públicos. Desde pequenos, devemos ensinar consumo responsável, participação cidadã e até noções sobre o orçamento da cidade. Que possamos ter muito êxito nessa caminhada”, concluiu.
O vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB) destacou a importância da educação financeira não apenas para as famílias, mas também como reflexo na gestão pública. “Boa parte da população enfrenta problemas com o Serasa e o SPC por má administração dos próprios recursos, e o poder público não está isento disso. É difícil encontrar um município que não viva alguma situação financeira delicada”, observou.
Para o parlamentar, o equilíbrio financeiro pessoal se reflete no coletivo. “Quem está bem com suas finanças pessoais também está bem consigo mesmo e com a sociedade. Precisamos ensinar isso às nossas crianças e jovens, mostrando como o uso responsável do dinheiro influencia até nas contas públicas”, afirmou.
Felipe defendeu ainda que a Escola do Legislativo Sergio Luis Hanich pode ter papel fundamental na difusão do tema. “Essa é uma oportunidade para trabalharmos de forma detalhada essa proposta. A longo prazo, ela fará muita diferença. Precisamos entender que as boas decisões financeiras de hoje impactam positivamente a cidade no futuro”, concluiu.
O vereador Joelson de Araújo (Republicanos) relembrou sua experiência como estudante e reforçou a necessidade de incentivar o aprendizado prático nas escolas. “Lembro do tempo em que estudei em colégios públicos, quando tínhamos aulas de técnicas comerciais, domésticas e agrícolas", disse. Para ele, hoje, falta incentivo para que as crianças também aprendam conteúdos que as fortaleçam para o futuro. "A educação financeira é um desses temas essenciais, que pode prepará-las para lidar melhor com os desafios da vida adulta”, destacou.
O vereador Giovani Caju (PP) elogiou a proposta e ressaltou sua relevância no contexto atual. “Sempre me chamou a atenção o fato de aprendermos tantas coisas na escola que, muitas vezes, não aplicamos na vida cotidiana, enquanto temas tão essenciais, como a educação financeira, são deixados de lado”, afirmou.
Para o parlamentar, o crescimento do endividamento das famílias brasileiras reforça a necessidade de discutir o tema desde cedo. “Por isso, é extremamente assertivo levar esse assunto para dentro da sala de aula. Precisamos formar crianças e jovens que cresçam com a responsabilidade de cuidar bem do seu dinheiro e evitar gastos desenfreados”, destacou.
A vereadora Deza Guerreiro (PP) reforçou a relevância do projeto para a formação dos estudantes e o desenvolvimento do município. “Essa semana dedicada à educação financeira será muito importante para as escolas e para o futuro das nossas crianças e jovens. É uma oportunidade de promover mais responsabilidade, consciência e entendimento sobre o uso do dinheiro e a importância do planejamento financeiro”, destacou.
A aprovação em primeiro
Na Câmara de Novo Hamburgo, os projetos são sempre apreciados em Plenário duas vezes. Um dos objetivos é tornar o processo (que se inicia com a leitura da proposta no Expediente, quando começa sua tramitação) ainda mais transparente. É que o resultado que vale de fato é o da segunda votação, geralmente realizada na sessão seguinte. Assim, um projeto pode ser aprovado em primeiro e rejeitado em segundo – ou vice-versa.