Câmara aprova moção em solidariedade a vereadora de Rodeio Bonito
Ao longo do texto, Nor classifica a conduta como autoritária, machista e antidemocrática. “Além de contrariar o regimento interno, a atitude fere frontalmente os princípios constitucionais da liberdade de expressão e da livre manifestação do mandato parlamentar, essenciais ao bom funcionamento do Poder Legislativo. O plenário de uma câmara de vereadores é espaço legítimo para o debate público e para o embate de ideias. Impedir, de forma arbitrária, que uma vereadora se manifeste configura abuso de autoridade, censura institucional e grave violação do decoro e da ética parlamentar”, condena o autor.
“Não podemos, como representantes do povo, nos calar frente a atitudes como essa. O silêncio diante do autoritarismo é conivência. É preciso denunciar, reagir e reafirmar com firmeza o nosso compromisso com os princípios democráticos e com o respeito à legitimidade do mandato popular”, prossegue a Moção nº 40/2025, aprovada com o acréscimo das assinaturas das vereadoras Deza Guerreiro (PP) e Professora Luciana Martins (PT). Também aderiram ao texto os vereadores Daia Hanich (MDB), Eliton Ávila (Podemos), Enio Brizola (PT), Felipe Kuhn Braun (PSDB), Giovani Caju (PP), Ico Heming (Podemos), Joelson de Araújo (Republicanos), Juliano Souto (PL), Ito Luciano (Podemos), Ricardo Ritter – Ica (MDB).
Manifestação dos vereadores
Autor da moção, Nor Boeno subiu a tribuna para repudiar o ocorrido em sua cidade natal. Ele atribuiu o caso de violência política de gênero, especialmente por Caroline ser uma vereadora jovem, com apenas 19 anos, de primeiro mandato. E apresentou o vídeo de indignação feito pela parlamentar após a plenária.
Daia Hanich (MDB) afirmou que mesmo que o presidente do Legislativo de Rodeio Bonito seja do seu partido, ele não representa os emedebistas.
Em sua manifestação, Deza Guerreiro ressaltou que retirar o direito de fala de qualquer vereador é uma afronta aos direitos democráticos e ao respeito ao debate que deve prevalecer no Legislativo. “Nós mulheres, seguimos enfrentando barreiras que buscam nos impedir de ocupar espaços de poder e de decisão. Toda tentativa de silenciar alguém reforça um histórico de exclusão que precisamos combater.”
Companheiro de partido da vereadora rodeio-bonitense, Joelson de Araújo (Republicanos) ressaltou que todos têm direito à livre expressão e de se manifestar na tribuna diante da população.
Professora Luciana Martins lembrou que o ocorrido com Carol Gabi não é um fato isolado. “A violência de gênero na política infelizmente é uma realidade. Nós cotidianamente nos deparamos com manifestações misóginas no Senado, na Câmara dos Deputados, na Assembleia Legislativa e também nas câmaras municipais.” Ela também elogiou a postura do vereador, que dificilmente ocupa a tribuna, ao usar sua voz em defesa de uma mulher.
Ricardo Ritter – Ica enalteceu a iniciativa e acredita que o presidente daquele parlamento não considerou a vertente democrática do partido, que capitaneou a abertura política do país nos anos 1980.
Juliano Souto falou sobre a onda de agressões que estão acontecendo no país, especialmente direcionada às mulheres. Enalteceu ainda o trabalho da colega vereadora e também policial civil, Daia Hanich, que atua na defesa das mulheres vítimas de violência.
O que é uma moção?
A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.