Basquetchê da Leme ressalta papel da inclusão proporcionado pelo esporte e pede mais acessibilidade no município
“Para a gente manter a entidade e o time, é muito caro. Uma cadeira custa R$ 8 mil, um par de pneus é R$ 300. Então, a luta é muito grande”, desabafou, dizendo que, para conseguirem arrecadar recursos, estão vendendo cartões de pizza com o intuito de ter dinheiro em caixa para custear um fisioterapeuta.
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Lima lamentou que, por um ano, os altos gastos para manter a estrutura – com funcionários, serviço de fisioterapia e aluguel – resultaram no fechamento da sede própria da Leme. Graças a uma parceria com a Associação dos Deficientes Fisicos de Novo Hamburgo (Adefi), conforme ele, foi possível retomar o funcionamento da entidade a qual está vinculado. “A gente está conseguindo usar aos pouquinhos de novo. Juntamos um grupo novamente e conseguimos começar a fisioterapia. Fizemos uma vaquinha, cada um paga um pouco, para ter um fisioterapeuta para nos atender. Tem também os equipamentos para fazer musculação e fisioterapia, que contribuem para o basquete adaptado”, relatou aos presentes à sessão plenária.
“Nós lutamos pela inclusão, pela igualdade, sempre buscando ressaltar às pessoas que, mesmo com a deficiência, é possível ter condições de contribuir e de praticar um esporte”, afirmou, relatando que somente no mês passado foram realizadas palestras pelo grupo em oito escolas do município para falar sobre inclusão e práticas esportivas.
As ações educacionais se estendem ao longo de todo o ano, não apenas como parte da campanha do Setembro Verde, no qual são promovidas discussões sobre a acessibilidade, os direitos e a valorização das pessoas com deficiência. “Setembro foi o mês da pessoa com deficiência, mas não é só nesse período. É o ano inteiro, a vida inteira, que a deficiência está junto contigo”, afirmou Lima, lembrando a importância de mostrar o esporte adaptado às crianças e jovens que vivem essa dificuldade de acesso. “Às vezes, nessas instituições, acabamos encontrando uma criança com deficiência, onde só ela é diferente de todos”, disse, relatando que a presença dos integrantes da Leme já altera o modo como os estudantes encaram a realidade vivenciada por um colega que tem dificuldades de locomoção.
Em uma das visitas às instituições de ensino, conheceram um menino de quatro anos que, após o contato com o time Basquetchê, agora adolescente, obteve a oportunidade de ir a São Paulo para participar de campeonato e estar entre os cotados da Seleção Brasileira Sub-20. “A gente mostra aos alunos que eles podem praticar um esporte, ter uma vida normal e lutar pelos seus ideais. Esse é o trabalho da Leme”, resumiu, pedindo apoio dos parlamentares com encaminhamento de recursos via emenda.
Fala dos vereadores
Felipe Kuhn Braun (PSDB) concordou com Lima e frisou que Novo Hamburgo está muito aquém quando se fala de acessibilidade. “Fizemos uma ação sobre os símbolos pictográficos voltada a crianças autistas e vimos como poucos lugares estão adaptados. Vocês fazem a diferença na vida das pessoas e da sociedade, contem conosco para uma emenda no ano que vem”, declarou Felipe.
Ricardo Ritter – Ica (MDB) lembrou que a Leme existe desde 2002 e que fez parcerias com a entidade quando era necessário fazer transporte para a ONG. Ele acrescentou que foi durante a sua gestão como secretário de Esportes que teve início o projeto do Centro de Iniciação ao Esporte Victor Hugo Körbes – Vitão, utilizado atualmente pelo grupo para os treinamentos.
De acordo com Lima, o espaço adaptado é o primeiro utilizado pelo time em Novo Hamburgo. Antes de sua inauguração, era necessário treinar em Campo Bom.
Joelson de Araújo (Republicanos) disse que a Leme deve servir de exemplo para outras entidades, que, mesmo em meio a dificuldades, continua buscando alternativas para sobreviver independentemente do auxílio público. O vereador Elitón Ávila (Podemos) louvou o fato de, apesar de todas as dificuldades, “vocês fazem todos os movimentos para manter o trabalho”.
Para Enio Brizola (PT), a união da Leme e da Adefi deve ser valorizada. “Aqui ninguém está pedindo nada para ninguém. É garantia constitucional, de ter políticas públicas de apoio”, reforçou o parlamentar.
Colega de bancada, a Professora Luciana Martins (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos (Codir), lembrou que o colegiado recebeu há cerca de quatro meses os integrantes da entidade, quando ainda não estava definida a parceria com a Adefi. “Que ninguém se sinta excluído, que ninguém tenha dificuldade de entrar em um prédio público, esse é um dos princípios básicos, de ir e vir com segurança”, disse, lamentando que ainda haja ônibus sem acessibilidade em determinadas linhas.
Giovani Caju (PP) relatou sua experiência familiar sobre as dificuldades enfrentadas pelos cadeirantes em seu dia a dia. O pai e a mãe do parlamentar necessitam delas para se locomover. Juliano Souto (PL) elogiou o trabalho desenvolvido pela entidade, assim como Daia Hanich (MDB). “A luta de vocês é pela inclusão e igualdade. Parabéns pela iniciativa, pelo cuidado com cada um que participa do projeto”, destacou, mencionando a atuação feita nas escolas, especialmente a questão dos riscos das colisões de carros e atropelamentos. Lima contou que, em suas palestras nos colégios, explica às crianças como um acidente de trânsito, devido à falta de uso de cinto de segurança, provocou a sua deficiência de locomoção.
Além de Sidnei de Lima, participaram da sessão Adilson José Franck, Evandir José da Silva Rocha, Vitor Damian e Raul Helmut Becker. Pela Adefi, compareceu Ema de Fátima Ribeiro de Oliveira. Na plateia, acompanharam as falas Gilvânio José Abreu da Silva, o Pantio, João Paulo Camargo e Cristiano Brand.