Artistas pedem preservação do curso de Artes Visuais da Feevale

por Daniele Silva última modificação 11/09/2025 20h32
11/09/2025 – Criado em 1970, o curso de Artes Visuais, que completou 55 anos em 2025, é um dos mais antigos da Universidade Feevale. A baixa procura na área, no entanto, motivou o encerramento de processo seletivo nesse e outros cursos de licenciatura como Letras e História, além de Relações Públicas, Estética e Cosmética e Design de Interiores. Com o objetivo de garantir a manutenção da graduação, artistas egressos e estudantes da Feevale participaram de reunião com a Comissão de Educação e Cultura (Coedu) da Câmara na manhã desta quarta-feira, 10. A proposta do colegiado é apresentar uma moção de apelo e um projeto para que o curso, considerado um dos que deu origem à instituição de ensino, seja reconhecido como patrimônio imaterial de Novo Hamburgo.
Artistas pedem preservação do curso de Artes Visuais da Feevale

Foto: Daniele Souza/CMNH

O artista e empreendedor Leonardo Lessa destacou a relevância da graduação e o reconhecimento de artistas formados pela Feevale, inclusive no exterior. “Sou prova de que a arte cura e me entristece alguns discursos contrários às manifestações artísticas”, afirmou, ressaltando que os cursos de humanas foram fundamentais para que a instituição conquistasse o título de universidade.

Ex-aluno, o arquiteto e pintor Regis Bondan relembrou memórias afetivas do campus 1 na infância, quando o pai era funcionário da Feevale, e ressaltou as inúmeras obras de arte existentes no prédio da avenida Dr. Maurício Cardoso, especialmente nos espaços que abrigavam as aulas de Belas Artes.

Já o graduando Maurício Hilgert relatou haver um processo de desmonte do curso, que formou nomes como Marciano Schmitz, Ariadne Decker e Flávio Scholles, referências para os profissionais da cultura. Ele também alertou que o encerramento das graduações pode impactar a formação de professores na região.

Presidente da Coedu, o vereador Felipe Kuhn Braun (PSDB) manifestou preocupação não apenas com a suspensão dos cursos, mas também com o fechamento de livrarias, o cancelamento de eventos e a redução de investimentos em cultura.

Nor Boeno (MDB) sugeriu um encontro com o secretário de Educação, André Luís da Silva, para discutir alternativas de apoio à instituição e de incentivo à formação de educadores.

Para a vereadora Professora Luciana Martins (PT), a cidade vive um momento de ataque à cultura, e as manifestações artísticas se inserem nesse contexto. Ela lembrou o impacto da oferta de graduações a distância sobre as universidades, mas acredita que programas como o Pé-de-Meia Licenciatura e novos regramentos do Ministério da Educação (MEC) podem estimular o retorno de estudantes aos cursos presenciais. Atual presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Novo Hamburgo (SindprofNH), Luciana alertou ainda para a possibilidade de um “apagão” de educadores na rede municipal já em 2026.

Nos próximos dias, a Coedu deve elaborar a moção, que será encaminhada aos órgãos de educação, e acompanhar a redação do projeto para reconhecimento do curso como patrimônio imaterial. A expectativa dos artistas é de que o movimento sensibilize a comunidade e ajude a garantir a continuidade da formação em Artes Visuais, preservando o legado histórico e cultural da instituição.

O que são as comissões?

A Câmara conta com oito comissões permanentes, cada uma composta por três vereadores. Essas comissões analisam as proposições que tramitam pelo Legislativo. Também promovem estudos, pesquisas e investigações sobre temas de interesse público. A Lei Orgânica Municipal assegura aos representantes de entidades da sociedade civil o direito de participar das reuniões das comissões da Casa, podendo questionar seus integrantes. A Cojur se reúne semanalmente às segundas-feiras, a partir das 13h, na sala Sandra Hack, no quarto andar do Palácio 5 de Abril.