11% da população gaúcha é abastecida pelo Sinos, que teve nível mais baixo dos últimos anos

por Daniele Silva última modificação 14/03/2023 12h44
13/03/2023 - O trabalho realizado pela Comusa - Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo, bem como as dificuldades enfrentadas na captação durante o período de estiagem foram abordados pelo diretor-geral da autarquia, Márcio Lüders, e pela bióloga Luciane Maria durante a sessão desta segunda-feira, 13. A participação em plenário ocorreu por meio do Requerimento nº 184/2023 de Raizer Ferreira (PSDB). O parlamentar justificou o convite em virtude do Dia da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e do Dia Mundial da Água, comemorados em 17 e 22 de março, respectivamente. Em sua fala, a servidora destacou a importância dos investimentos em saneamento para a melhoria da saúde da população.
11% da população gaúcha é abastecida pelo Sinos, que teve nível mais baixo dos últimos anos

Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Segundo Raizer, além da alusão às datas, o debate decorre também do longo período de estiagem, impactando no baixo nível dos rios, especialmente do Sinos. Outra preocupação levantada pelo vereador foi consequência na agricultura. “Segundo dados da Emater, cerca de 25% das lavouras de milho e soja do Rio Grande do Sul estão em situação de estresse hídrico.”

Lüders destacou o papel da Comusa ao longo de 25 anos para entregar um serviço de qualidade à população. “Para nós é uma grande satisfação falar de água, que é o nosso dia a dia, que é o nosso produto, e o que nós entregamos para a comunidade hamburguense todos os dias. Temos 285 servidores trabalhando sete dias da semana, 365 dias por ano, 24 horas por dia para poder entregar uma água de qualidade, um tratamento de esgoto adequado. E fazer o trabalho que a comunidade espera da nossa autarquia de saneamento”, salientou. 

A bióloga Luciane Maria explicou de forma detalhada o funcionamento do sistema de captação e tratamento. Falou também sobre os desafios enfrentados nesta que foi uma das piores estiagens dos últimos anos, chegando a 1,90 metro o nível na área de captação. “Pela Resolução nº 357/2005 do Conama, a pior parte é a nossa, que é Classe 4. Essa classe só é permitida para navegação, jamais seria para consumo. E a gente consegue captar, tratar e entregar para a comunidade de Novo Hamburgo dentro dos padrões de potabilidade.” A sorte, segundo a profissional que atua há 30 anos com o Rio dos Sinos, é que por ser sinuoso ele consegue oxigenar um pouco mais a água. A bacia hidrográfica possui 190 quilômetros de extensão, abarca 32 municípios e abastece 11% da população gaúcha.

Sobre o trabalho da Comusa, a bióloga explicou que a estação de tratamento recebe 730 litros por segundo, totalizando 60 milhões de litros de água tratados por dia. São 20 reservatórios ativos na cidade para atender 98% da área urbana. Segundo a servidora, há 120 pontos de controle de qualidade para monitoramento da água, além de avalizar os poços localizados em Lomba Grande.

Em relação ao esgoto, ressaltou que apenas oito por cento são tratados atualmente. No entanto, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Luiz Rau, hoje na fase 1 de implementação, deve atingir 50% dos resíduos orgânicos dispostos em Novo Hamburgo. Ela destacou ainda a evolução nas instalações e serviços prestados pela companhia na atual gestão. “Hoje tudo é automatizado. Um simples comando de botões, eu consigo ter um controle melhor principalmente com gasto de produtos.” Câmeras instaladas ao longo do rio, conforme explicou, também permitem paralisar a captação quando há excesso de material orgânico nas águas.

Já referente à estiagem, Luciane pontuou que, apesar das dificuldades, não houve racionamento de água, mas impactou em um aumento de mais de 50% no custo com produtos químicos destinados ao tratamento. Por fim, a profissional apresentou as ações promovidas pela autarquia em conjunto ao Meio Ambiente e questionou uma máxima da política, lembrando que o saneamento melhora a qualidade de vida das pessoas. “Muita gente diz que cano enterrado não dá voto, mas cano enterrado dá muita saúde. Então, esse é um pensamento que tem que mudar cada vez mais.”

Lüders apresentou algumas ações para o enfrentamento à falta de chuvas. Dentre elas, o estudo para construção de microbarragens nos municípios. Expôs também algumas conquistas da autarquia, que desde 2019 é parte do Pacto Global da ONU e foi finalista do prêmio Cases de Saneamento com o projeto de cisternas nas escolas. Este ano, a Comusa passou a integrar o Conselho Mundial da Água (World Water Council), entidade que trabalha em políticas internacionais. Para finalizar, o gestor pediu que cada um faça a sua parte, separando os resíduos e não dispensando óleo de cozinha em locais inadequados.

Raizer agradeceu a disponibilidade e os esclarecimentos feitos pelos representantes da Comusa. Os vereadores Ito Luciano (MDB), Fernando Lourenço (PDT), Ricardo Ritter – Ica (PSDB) e Vladi Lourenço fizeram questionamentos aos participantes.

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