Secretário da Saúde presta esclarecimentos sobre problemas enfrentados pela pasta

por Jaime Freitas última modificação 16/10/2017 23h54
16/10/2017 – No final de setembro, a Prefeitura de São Leopoldo anunciou que o Hospital Centenário deixará de ser referência para casos de alta e média complexidade em neurologia e neurocirurgia. O serviço foi descontinuado sob a alegação de falta de repasses do governo do Estado – segundo nota divulgada pela Prefeitura, o aporte financeiro não era realizado desde outubro de 2016. Essa situação acabou repercutindo também em Novo Hamburgo, que tinha o Centenário como referência para a especialidade. Na sessão desta segunda-feira, 16 de outubro, o secretário de Saúde, o vice-prefeito Antônio Fagan, explicou como o Município atua a fim de atender a demanda. Fagan compareceu a convite da vereadora Patricia Beck (PPS).

"No dia 3 de agosto, a secretaria de Saúde tomou conhecimento pela imprensa de que o Hospital Centenário apresentava situação financeira difícil e haveria suspensão dos atendimentos de pacientes que não fossem residentes na cidade de São Leopoldo. Isso trouxe transtornos para vários municípios, incluindo, claro o nosso. Desde então, a pasta tem contatado regularmente a 1º Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para ajustar o atendimento de neurocirurgia em alta complexidade, a qual estava contratualizada pela SES com referência no Hospital Centenário. No período entre 3 de agosto e 21 de setembro fizemos reuniões municipais e regionais para tentar encontrar uma solução para o problema. O Estado pediu até o dia 24 de outubro para anunciar qual hospital será referência na região para atender a demanda da especialidade. Estamos aguardando a definição para dar o devido encaminhamento aos pacientes que precisam ser atendidos, na maior brevidade possível", relatou o secretário Fagan.

"Durante todos esses dias que precisamos da neuro e encontramos dificuldades para os devidos atendimentos e encaminhamentos, ficamos sujeitos às cobranças dos pacientes que necessitam do atendimento. Fomos procurados por diversos meios, seja por telefone, visitas aos gabinetes e pelas redes sociais. Precisamos dar respostas à sociedade e solucionar o problema. Temos muitos pacientes internados, aguardando leito da especialidade, e a fila tende a aumentar significativamente", alertou o vereador Enfermeiro Vilmar (PDT).

"Sabemos das dificuldades de quem está na fila de espera. É necessário também ressaltar que a crise financeira que vive o Estado dificulta muito a solução do impasse, mas posso falar que a Secretaria Municipal de Saúde não tem medido esforços para regularizar a situação", disse Fagan.

Issur Koch (PP) cobrou mais empenho da Fundação de Saúde para esclarecer melhor a situação no atendimento à saúde, ressaltando que em outros momentos essa comunicação já foi mais efetiva. "É importante que a comunidade tenha informações oficiais dos órgãos responsáveis para auxiliar, até mesmo, na tomada de decisão daqueles que estão desassistidos por problemas como esse, surgidos com o pedido de descredenciamento do Centenário", destacou o vereador.

Naasom Luciano (PTB) perguntou sobre uma paciente que já estava com a data marcada para uma cirurgia no Hospital Centenário. O secretário Fagan respondeu que todos os casos estão sendo revistos e que a paciente não sairá da fila de atendimento. "O Estado pediu 20 dias para definir o novo hospital de referência. A cirurgia dessa paciente será remarcada assim que os atendimentos na especialidade de neurocirurgia forem repactuados entre os entes públicos", informou Fagan.

Sergio Hanich (PMDB) criticou a falta de atenção dos deputados estaduais e federais com o município de Novo Hamburgo. "É impossível ficarmos calados. Pagamos muitos impostos e quando precisamos sobra o quê para a nossa comunidade? O que fazem nossos deputados? Cadê as emendas para a saúde?", desabafou o vereador.

A presidente do Legislativo, Patricia Beck, fez um requerimento verbal, aprovado em plenário por todos os vereadores, que pede esclarecimentos à secretaria da Saúde sobre uma ação do Estado que evitou o repasse de R$ 9 milhões à pasta municipal, por afirmar que os pagamentos seriam pagos em duplicidade. O requerimento tem o objetivo de saber qual o período em que entrou essa verba alegada como duplicidade, onde o recurso foi utilizado e quem foi o responsável pelos registros dessas operações.

Patricia Beck perguntou sobre como está a organização dentro da secretaria sobre os problemas relatados, como a pasta está garantindo o direito à vida e qual o tempo médio para o cidadão ser atendido, com as mudanças previstas. O secretário informou que até o início de outubro recebeu apoio do Estado para a solução de alguns impasses e que a secretaria só foi oficiada do não-atendimento por parte do Centenário no dia 4 do corrente mês. Até então, entrava com ações judiciais para efetivar o atendimento e agora, com a oficialização do descredenciamento do Hospital Centenário, estão reorganizando o fluxo operacional e as demandas reprimidas, como também estão aguardando a nova referência no atendimento da especialidade. "No curto prazo, não temos como responder qual é o tempo médio. Estamos individualizando caso a caso e tomamos as decisões pensadas de acordo com essas demandas", respondeu.

Sobre os problemas nos serviços de tomografia prestados pelo município, com a troca do prestador de serviço, o secretário afirmou que na nova licitação, recém realizada pela pasta, "a obrigação por uma máquina que ofereça o exame em 64 canais resultará em um ganho maior na melhoria nos diagnósticos", informou Fagan. Patricia Beck também questionou sobre o alto valor na contratação de um serviço de banco de dados para armazenar os diagnósticos, afirmando que qualquer recurso que a secretaria disponha deve ser usado para diminuir a espera de pacientes que dependem de exames que não vem sendo oferecidos pela rede de atendimento. O secretário afirmou que o serviço é necessário para agilizar a análise do diagnóstico.

Enio Brizola (PT) sugeriu a realização de uma audiência pública na cidade com a presenta do secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, e secretários municipais do setor das cidades vizinhas, para discutir os problemas na Saúde da região. "Somos todos sabedores da situação do Hospital Centenário e das dificuldades que eles também enfrentam, mas eu gostaria de fazer uma sugestão ao secretário Fagan. Proponho a produção de um relatório com todos os problemas que estamos tendo no Município, para que seja remetido ao deputado federal Giovani Cherini, líder da bancada dos deputados gaúchos na Câmara Federal, com o objetivo de sensibilizá-los. Temos de nos mobilizar para, principalmente, cobrar aquilo que nos é devido, sejam repasses previstos ou emendas federais", finalizou o vereador Brizola.