Professora do Estado expõe greve e pede auxílio da Câmara contra o parcelamento de salários
Durante a sessão, os vereadores já haviam manifestado apelo ao Governo do Estado para que encontre uma solução para o pagamento integral do salário dos servidores. “Hoje, estamos no 21º mês de parcelamento. O mais divulgado na mídia é que o Governo não tem dinheiro, mas há recursos. Haveria se cobrasse dos sonegadores fiscais, se parasse de isentar impostos de grandes empresários, se suspendesse o pagamento da dívida pública com a União e se aderisse à Lei Kandir. Gostaríamos de saber também onde está sendo investido o dinheiro do Fundeb. Quando eu, servidora ativa, estou tendo meu salário parcelado, não vejo esse dinheiro ser aplicado. E isso é muito grave, porque envolve a educação”, desabafou.
Caroline comentou que a greve foi a última instância possível para demonstrar protesto. “Professor não adere à greve porque quer, mas porque não possui outros recursos. Estamos fazendo boletins de ocorrência constando danos morais e a terceiros. Além de pouco, recebemos atrasado. Não iremos pagar para trabalhar. Pedir adiantamento no banco é pagar para trabalhar. Se queremos educação pública de qualidade, dependemos da saúde mental de um professor, e não estamos tendo isso. Nós não somos e não queremos ser heróis. Não podemos resolver as coisas de forma mágica, precisamos de recursos para trabalhar. E não é só salário, é termos profissionais e infraestrutura para trabalhar. O Governo precisa encarar essa luta e parar de mentir para a população quando afirma que não há recursos”, afirmou.
O vereador Enio Brizola (PT) colocou sua bancada à disposição da classe. “A educação vem sofrendo duros ataques neste país. A questão salarial é sagrada: trabalhou, tem que receber. Mas os salários de governador e secretários estão em dia. Há dinheiro para fazer, há dinheiro para pagar; falta o Estado decidir suas prioridades”, destacou. Professor Issur Koch (PP) cobrou uma mobilização de vereadores de diferentes municípios. “Já são 21 meses de desrespeito ao trabalhador. Devemos procurar os deputados de nossas bancadas. Não podemos aceitar um Governo parcelando salários do funcionalismo”, salientou.
Felipe Kuhn Braun (PDT) e Gabriel Chassot (Rede) questionaram se os salários do principal escalão do Estado também são parcelados. “Sabemos o quanto o país passa por dificuldades econômicas, mas isso não justifica quando tiramos o salário de professores, brigadianos e demais servidores. Quando você tira o salário, você impossibilita qualquer debate sobre qualidade da educação. O debate fica muito raso se debatemos só a questão da falta de recursos. É uma injustiça porque os que mais ganham não têm seus salários parcelados. Precisamos dessa remuneração justa e digna para quem tanto trabalha pela educação”, defendeu Felipe.
Enfermeiro Vilmar (PDT), que solicitou a abertura de espaço para Caroline, pediu a valorização dos educadores. “Não sabemos qual a prioridade do Estado. Todos os professores têm seus compromissos e deveres, mas também têm suas responsabilidades, suas contas a pagar. Não vemos melhoras ou promessas de melhoras. O Governo do Estado instaurou um caos. Precisamos criar condições para que o ensino de qualidade aconteça”, pontuou. Vladi Lourenço (PP) disse não entender como o Estado pode gastar tanto com presídios e tão pouco com a educação.
A presidente da Câmara, Patricia Beck (PPS), cobrou o papel de fiscalizador por parte dos deputados estaduais. “Saúde, educação e segurança. É isso que precisamos do Governo do Estado. A independência do Legislativo é fazer com que o Executivo cumpra sua peça orçamentária. Está na hora de ir para cima de quem faz a legislação e deve cobrar do Executivo”, pediu. Ao final do debate, a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia comprometeu-se a elaborar moção de repúdio ao parcelamento do salário de professores.