Sindicalista usa Tribuna Popular para relatar caso de trabalhadora impedida de urinar em horário de trabalho

por Jaime Freitas última modificação 13/07/2021 01h00
12/07/2021 - A tesoureira do Sindicato das Sapateiras e dos Sapateiros de Novo Hamburgo, Jaqueline Erthal, ocupou a Tribuna Popular na noite desta segunda-feira, 12, para falar sobre o caso de uma trabalhadora de uma fábrica de calçados em Novo Hamburgo que urinou nas calças após ser impedida de ir ao banheiro durante o seu horário de trabalho. O fato ocorreu no dia 24 de junho.
Sindicalista usa Tribuna Popular para relatar caso de trabalhadora impedida de urinar em horário de trabalho

Foto: Daniele Souza/CMNH

Venho aqui como sindicalista, como ser humano e como mulher para fazer um relato e sensibilizar os parlamentares, o público aqui presente e o pessoal que acompanha de casa”, disse Jaqueline. Ela informou que a sapateira, após não ter conseguido ir ao banheiro e ter urinado nas calças, teve de passar, molhada, em frente aos colegas até o setor de Recursos Humanos, sofrendo enorme constrangimento e humilhação. Segundo a sindicalista, a trabalhadora, que é gestante, foi dispensada do serviço, tendo que ir a pé para casa, caminhando por cerca de meia hora, quando poderia ter sido levada num veículo da empresa.

O fato deixou indignadas as suas colegas porque não foi a primeira vez que isso acontece na categoria”, afirma Erthal. Segundo a sindicalista, é comum, nas fábricas de calçados, que os banheiros fiquem chaveados e os funcionários precisem de autorização para fazerem suas necessidades fisiológicas. “O uso do vaso sanitário deveria estar sempre liberado, pois é uma questão de saúde. Além do mais, muitas mulheres sofrem com incontinência urinária”, ressalta.

O movimento pelo fim das portas chaveadas é uma reivindicação antiga da categoria. Normalmente, a chave fica com um supervisor ou um funcionário conhecido como “coringa”, um auxiliar, que atua em diversas funções e pode substituir quem precisar deixar o posto momentaneamente. “Na empresa, infelizmente, ainda é preciso ‘pedir a chave para ir ao banheiro’, como é comum no sistema de esteira, onde cada empregada deve esperar a sua vez ou chamar uma auxiliar. Isso é inadmissível. Tudo para não parar a produção e aumentar o lucro do patrão, ignorando a saúde de quem trabalha e a qualidade de vida das pessoas”, critica Jaqueline.

Acordo Coletivo

Após o ocorrido ainda no mês de junho, foram realizados protestos em frente à indústria de calçados. A empresa se sensibilizou e o sindicato intermediou um acordo coletivo válido por dois anos, onde os funcionários da fábrica obtiveram livre acesso ao banheiro da empresa. O documento assegura o direito de utilizar o sanitário sempre que for preciso, desde o início até o fim do expediente.

 

Fala dos vereadores

Parabéns, guerreira. É assim mesmo que as mulheres precisam se posicionar na defesa de seus direitos. Fica, infelizmente, comprovada a discriminação às mulheres nos locais de trabalho. Se fosse um homem, seria negado o pedido de ir ao banheiro? Vamos fazer uma moção de repúdio a essa empresa, pois o que aconteceu não é justo”, disse a vereadora Lourdes Valim (Republicanos).

Nós precisamos de empresas em nossa cidade, nós precisamos de sindicatos fortes, como é o das Sapateiras e Sapateiros. E se quisermos um desenvolvimento econômico sustentável precisamos de respeito ao meio ambiente e aos direitos trabalhistas. Se quisermos falar de empresas do futuro, precisamos falar do presente, olhando os erros do passado e não mais cometê-los”, destacou Enio Brizola (PT).

Existem homens que defendem o direito das mulheres, mas ainda há uma minoria que, infelizmente, são chefes, que não sabem, não aprenderam ainda a respeitar as mulheres. Acho que esses não sabem nem de onde nasceram. No momento que um homem reconhece a sua mãe, a sua irmã, a sua avó, ele jamais faria desrespeitaria uma mulher, frisou a vereadora Semilda – Tita (PSDB).

Vemos na mídia uma repercussão negativa ao setor calçadista, principalmente dessa empresa aqui citada pelo caso ocorrido. Faltou, com certeza, sensibilidade ao chefe dessa trabalhadora. Penso, por exemplo, que isso poderia acontecer com a minha filha ou a minha esposa, trabalhando e não podendo ir ao banheiro, passando por uma humilhação dessas. Vamos trabalhar para que situações como essa não mais ocorram”, informou o vereador Ricardo Ritter – Ica (PSDB).

Quero dizer que, tanto na condição de presidente desta Casa quanto vereador, quando soubemos dessa situação, ficamos espantados. Estamos à disposição para construirmos o que for necessário para que possam ser preservados os direitos dos trabalhadores”, informou Raizer Ferreira (PSDB).


Tribuna Popular

Durante as sessões ordinárias, pessoas previamente inscritas também têm direito à fala, por meio do expediente da Tribuna Popular. As inscrições devem ser feitas junto à Secretaria da Casa, no terceiro andar, a partir do preenchimento de uma solicitação. As datas serão estabelecidas conforme disponibilidade de agenda.