Samba e lembranças embalam solenidade pelos 50 anos da Protegidos da Princesa Isabel

por Maíra Kiefer última modificação 18/11/2019 13h40
14/11/2019 – O samba "Novo Hamburgo e Protegidos são duas paixões", enredo da agremiação do bairro Rondônia no carnaval de 2010, trouxe nesta quinta-feira, 14, as batucadas da percussão ao Plenário da Câmara no princípio da solenidade que marcou a homenagem pelos 50 anos da Escola Protegidos da Princesa Isabel. A música ilustrou parte de vídeo exibido na sessão solene, no qual o fundador e dirigente Sebastião Antônio Flores, falecido em 2011, relatou os principais momentos do grupo desde a sua fundação em 15 de novembro de 1969.
Samba e lembranças embalam solenidade pelos 50 anos da Protegidos da Princesa Isabel

Crédito: Daniele Souza/CMNH

Aberto pelo presidente Raul Cassel (PMDB), o evento teve como proponente o vereador Enio Brizola (PT), que destacou o contentamento em registrar o cinquentenário da agremiação, a qual superou muitas dificuldades para levar o samba e a alegria para a comunidade hamburguense. “Não é todo o dia que se chega a essa data, merece uma sessão solene para poder se relembrar, contar essa história e para fazer uma justa e merecida homenagem. Detentora de 28 títulos de carnaval, a escola estendeu sua missão a projetos como Protegidos do Amanhã, cujo objetivo é reestruturar e revitalizar o entorno da escola, contribuindo para o desenvolvimento local, e à manutenção do memorial Sebastião Flores", elencou o parlamentar. Em seu discurso, recapitulou que a força do grupo não se restringiu à participação em eventos ligados ao Carnaval, contribuiu também com a montagem das coreografias dos desfiles de Natal realizados no Município. Ao término, lamentou que por dois anos seguidos, 2018 e 2019, não tenha havido desfiles, e pediu uma séria reflexão sobre a Semana da Consciência Negra, em meio à divulgação de dados que indicam que a morte de jovens negros tem números semelhantes a uma guerra civil. Após as falas, Brizola entregou um quadro alusivo ao cinquentenário para Lana Flores, presidente da escola. 

Ao evocar uma história pessoal, que teve como cenário um desfile da escola Protegidos ocorrido em Novo Hamburgo na década de 1980, quando era criança, a vereadora Patricia Beck (PP) reforçou saber o quanto o Carnaval e a Protegidos motivam paixões e dedicação. Na abertura de sua exposição, fez uma referência especial à Tia Nair, viúva de Sebastião Flores. “Ao assistir às imagens do vídeo, a senhora não estava vendo só o sonhador, estava vendo o seu marido, recordando quando estavam lado a lado na criação dos cinco filhos e dos seis netos. A sua emoção foi contagiante”, disse a parlamentar.

Exaltando a garra e dedicação de seus componentes, o vereador Inspetor Luz (MDB) comentou sua ligação com a escola em virtude da convivência com vários membros importantes da história da agremiação, tais como Tereza, Sebastião Flores, Ivan e Geada. Luz salientou o empenho de cada membro da escola, sem temer o que vem pela frente, mesmo quando dificuldades financeiras pareciam impedir o prosseguimento. “Deixo aqui os meus parabéns e que muitos outros 50 anos se repitam”, finalizou.

Raul Cassel reforçou que a escola dedica-se ao Carnaval o ano inteiro, não somente nos ensaios e na elaboração do enredo, mas em seus processos educativos e da preservação da memória. À época que era dirigente do departamento social e quando presidiu a Sociedade Ginástica, a apoteose dos desfiles ocorria no ginásio de esportes, quando os bailes eram interrompidos para entrada das escolas que encerravam sua passagem pela avenida. Cassel rendeu ainda uma homenagem a Bastião, apelido de Flores, que por diversas vezes esteve presente no Legislativo, lutando por recursos para o Carnaval hamburguense. Antes de encerrar, mencionou a força da família nessa história de sucesso e luta. “Parabéns por esse empenho familiar. Fica aqui o meu reconhecimento”, concluiu.

Com lágrimas nos olhos, Antônio Dutra, vice-presidente da Escola, relatou da tribuna o seu orgulho de pertencer a Protegidos há 20 anos. “É uma honra fazer parte dessa história”, encerrou, lembrando que por não conter o choro perdeu uma aposta feita com outros componentes do grupo.

A alusão ao legado de seu pai, Sebastião Flores, e um apelo por auxílio financeiro preencheram as linhas do discurso emocionado da presidente da Escola de Samba Protegidos da Princesa Isabel, Lana Flores. Ao longo de sua fala,
enumerou as dificuldades enfrentadas pela família e pela escola, mas que em nenhum momento desistir fez parte dos planos de todos os envolvidos com a Protegidos. “A escola é o nosso motor de alegria. Fazer carnaval faz com que a gente esqueça tudo. Sabemos que ajudamos na expectativa de vida de muita gente, colaborando com o lazer e o entretenimento na nossa cidade nesses 50 anos”, disse. Ela salientou que sem apoio político é muito complicado fazer Carnaval. Para que nenhum acidente ocorra no espaço que abriga 800 pessoas em algumas celebrações, a dirigente pediu ajuda para o conserto e substituição do telhado do barracão da escola, que se deteriorou devido a infestação de cupins. E por fim ela convidou os parlamentares para conhecerem o espaço e festejarem o aniversário em evento no dia 22 de novembro.

Ao fim da solenidade, ritmistas, passistas e componentes da agremiação embalaram a plateia ao som dos sambas "Budismo" e "Das Trevas à Luz". Entre os integrantes presentes na apresentação, estavam o mestre da bateria Jhean Marcelo, as porta-estandartes Suelen Garcia e Simone Santos, o interprete Lu Astral, Jhesum, a rainha da Bateria Kelly Santos, a madrinha de bateria Vitória Flores, a musa da bateria Roberta Nascimento, e as musas da Protegidos, Taina, Ketlhin e Jessica, e a musa Gay Sabrina. 

Da mesa e tribuna de honra, acompanharam a solenidade a Fundadora da Escola, Jeanete Silva Santos, o presidente do Conselho, João Neves, a fundadora da Escola, Nair Flores, a Diretora Financeira, Sandra Fabiana Flores, o Primeiro-Secretário, Noel Flores, a Secretária, Vera Regina Flores, e o membro de Conselho Fiscal, Elizete Flores. Além deles, estiveram no evento o ex-prefeito Tarcísio Zimmermann e o ex-vereador Ricardo Ritter - Ica.

História

Fundada em 1969, a Protegidos surge em torno do objetivo do entretenimento. Detentora de 28 títulos, conquistados em Novo Hamburgo, Porto Alegre e região metropolitana, a escola de samba consolidou sua proposta inicial de promover os desfiles de rua e reunir a comunidade em ensaios carnavalescos. Com o passar dos anos, porém, a entidade direcionou seu foco também para o desenvolvimento de projetos sociais e ferramentas de disseminação cultural.

Sebastião Flores

Centro de informação e divulgação da história da Protegidos, o Memorial Sebastião Flores homenageia uma das figuras mais marcantes do carnaval gaúcho, presidente da escola de samba hamburguense por quase quatro décadas. O acervo reúne fantasias, objetos, fotos, gravuras, livros, páginas de jornais, CDs, DVDs e depoimentos sobre os principais fatos relacionados à instituição. Desde 2013, Sebastião Flores também dá nome a premiação concedida pela Câmara de Novo Hamburgo a pessoas ou entidades que se destacaram pela atuação em defesa dos direitos dos negros e no combate ao racismo no município. Sebastião faleceu em 2011, vítima de acidente vascular cerebral.