Moção critica condução da CPI da Covid durante depoimento da médica Nise Yamaguchi

por Luís Francisco Caselani última modificação 09/06/2021 20h27
09/06/2021 – O médico e vereador Gerson Peteffi (MDB) elaborou moção de repúdio ao tratamento dispensado à oncologista e imunologista Nise Yamaguchi durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia. A profissional de saúde foi ouvida pelo Senado Federal no último dia 1º. A médica, “consultora eventual” do presidente Jair Bolsonaro, é uma das principais defensoras da prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes diagnosticados com Covid-19, prática desaconselhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesta quarta-feira, 9, a Câmara de Novo Hamburgo aprovou por unanimidade o envio da moção de repúdio a integrantes do Congresso Nacional.
Moção critica condução da CPI da Covid durante depoimento da médica Nise Yamaguchi

Crédito: Maíra Kiefer/CMNH

Peteffi, que atua na área médica há quase quatro décadas, salientou que Nise Yamaguchi foi convidada a prestar esclarecimentos à CPI, mas foi tratada como acusada. “A médica compareceu à sessão de livre e espontânea vontade e foi extremamente humilhada ao não poder concluir suas falas, sendo interrompida, o tempo todo, pelo relator e pelo presidente. Não a deixaram falar. Faltaram com educação a uma médica e, acima de tudo, a uma pessoa convidada pelo Senado Federal a manifestar sua opinião sobre a pandemia. Não aceitaram a sua contextualização sobre o momento das atitudes”, afirmou o vereador.

Da tribuna, Peteffi solicitou a reprodução de vídeo do Conselho Federal de Medicina que faz coro a sua manifestação. “Não se trata do mérito das respostas. Os senadores convidaram uma pessoa para prestar depoimento, mas tentaram desestruturá-la. Tentaram constrangê-la de todas as formas. Não estamos analisando o conteúdo de sua fala, mas não se pode ofender um convidado em um parlamento”, explicou o vereador.

Enio Brizola (PT) atribuiu as interrupções e pedidos de desconsideração de falas a manifestações imprecisas por parte da imunologista, mas condenou o tratamento descortês no Senado Federal. “Todos somos responsáveis pelo que falamos. Essa parte da CPI ficou tensa no momento em que a médica foi questionada sobre as diferenças entre vírus e protozoários. Ela não respondeu de forma clara. Ela disse que a cloroquina é um antiviral, o que não é. Ela mentiu na CPI sobre não ter feito parte de um gabinete paralelo de gestão da pandemia”, frisou o petista.

A Moção nº 44/2021, que leva ainda a assinatura das vereadoras Lourdes Valim (Republicanos) e Tita (PSDB), será enviada aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da CPI da Covid, Omar Aziz, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Cópias também serão encaminhadas aos senadores da bancada gaúcha. “É vergonhoso sentar à frente da televisão e ver o desrespeito dos senadores com uma mulher”, sintetizou Tita, que ocupa o cargo de procuradora especial da Mulher da Câmara.

O que é uma moção?

A Câmara se manifesta sobre determinados assuntos – aplaudindo ou repudiando ações, por exemplo – por meio de moções. Esses documentos são apreciados em votação única e, caso sejam aprovados, cópias são enviadas às pessoas envolvidas. Por exemplo, uma moção louvando a apresentação de um projeto determinado no Senado pode ser enviada ao autor da proposição e ao presidente daquela casa legislativa.