Deputados se unem a vereadores para lutar pela permanência da Uergs em Novo Hamburgo

por Tatiane Souza última modificação 20/08/2019 17h51
20/08/2019 – A luta para que o polo da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) permaneça em Novo Hamburgo ganhou o apoio da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, presidida pela deputada Sofia Cavedon e tendo como vice Issur Koch. Encontro realizado na tarde desta segunda-feira, 19, na Fundação Escola Técnica Liberarto Salzano Vieira da Cunha, onde funciona a universidade, reuniu vereadores integrantes da comissão especial criada pela Câmara e representantes da instituição de ensino superior e da Liberato. Diversas ações devem ser feitas nos próximos meses para mobilizar a comunidade do Vale do Sinos na tentativa de reverter o fechamento da unidade, previsto para dezembro deste ano.
Deputados se unem a vereadores para lutar pela permanência da Uergs em Novo Hamburgo

Fotos: Tatiane Lopes/CMNH

Decisão de fechar a Uergs em Novo Hamburgo é de 2013 

Conforme a diretora do campus regional que abrange a unidade de Novo Hamburgo, Adriana Leal Abreu, até 2013 a universidade, instalada na Fundação Liberato, recebia novos alunos nos cursos de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Engenharia em Energia e CST em Automação Industrial. Por deliberação do Conselho Superior da Universidade (Consun), deu-se início a partir daquele ano o processo de centralização das atividades em Porto Alegre. Conforme o pró-reitor administrativo da Uergs, Gabriel Cunha, os professores também não estão mais lotados na cidade. Na Liberato, salienta, os poucos alunos remanescentes acessam somente os laboratórios e, por isso, alguns técnicos ainda estão trabalhando no Município. Nesta quinta-feira, 22, o Consun se reúne para discutir mais uma vez a situação da Uergs no Vale do Sinos. Em uma ação conjunta, vereadores e deputados trabalham para que os conselheiros revejam a posição tomada em 2013. 

Uergs tem dívida de R$ 3 milhões com a Liberato 

Sobre a permanência da Uergs nas instalações da Liberato, um dos principais problemas apontados pelo diretor-executivo da escola técnica, Ramon Hans, é uma dívida de cerca de R$ 3 milhões que a universidade possui com a instituição. Ele garante que isso é motivo de preocupação em relação a possíveis apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Segundo Hans, além de resolver o passado financeiramente, a universidade precisa rever como ficará sua situação no futuro. “Precisamos pensar em longo prazo, porque a situação é crítica. A permanência da Uergs precisa de um plano complementar, não pode depender somente da Liberato”, disse. Ele contou que, atualmente, cinco salas são destinadas à Uergs, e que elas fazem falta para o universo escolar, pois representam 15 turmas.Se eu tenho uma demanda de ingresso de 6 por 1, eu tenho um público que estou deixando de atender”, explicou. Hans acredita que uma solução possível seria transferir as aulas teóricas e as atividades administrativas para um prédio público municipal e manter na fundação somente o convênio para o uso dos laboratórios.

Representando a reitoria da Uergs na reunião, a pró-reitora de ensino, Rochele Santaiana, garantiu que a universidade possui uma proposta inicial de negociação do passivo. Gabriel Cunha aproveitou a ocasião para destacar a importância da parceria que sempre tiveram com a Fundação Liberato, em especial no uso dos laboratórios, e reiterou a importância de repensar a atuação da Uergs no Vale do Sinos, caso a unidade seja mantida em Novo Hamburgo. 

Ações sugeridas pela comissão da Câmara 

Os vereadores integrantes da comissão especial criada pela Câmara para lutar pela permanência da Uergs no Município foi representada na reunião por Enio Brizola (PT), Felipe Kuhn Braun (PDT), Patricia Beck (sem partido) e Nor Boeno (PT) – ainda compõem o grupo os parlamentares Enfermeiro Vilmar (PDT) e Tita (PP). Eles sugeriram mobilizar a sociedade, principalmente os alunos do ensino médio, para que também possam aderir ao movimento. “A Uergs vai sair do Município sem ninguém ficar sabendo? Sem ouvir a comunidade? Nós precisamos mostrar que essa universidade existe e despertar nos jovens o interesse por ela”, apontou Patricia. 

A vereadora também sugeriu a realização de um termo de ajustamento de conduta, aos moldes do que é realizado para o Ministério Público, entre todos os órgãos e instituições interessadas em manter Uergs na cidade com o objetivo de oficiar o TCE-RS de que estão cientes da problemática, mas que as soluções estão sendo buscadas. “Já estamos quase em setembro, temos pouco tempo para agir. O ideal seria realizarmos uma audiência pública envolvendo diversas cidades do Vale, Prefeitura, Uergs, Fundação Liberato, Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa, e sairmos daqui com esse documento”, destacou. 

Presidente da Comissão de Educação da Assembleia, a deputada Sofia Cavedon também acredita que a realização da audiência pública é imprescindível e vai mobilizar para que a ação aconteça de forma conjunta a Câmara. Ela sugeriu ainda que o Legislativo hamburguense e outros órgãos oficializem a luta pela permanência do polo da Uergs em Novo Hamburgo. “Precisamos formar um movimento forte.” Politicamente, o deputado Issur Koch também mostrou-se empenhado em reverter a situação e apontou que o líder de governo na Assembleia, Frederico Antunes, pode ser um bom aliado. Ele também lembrou as dificuldades de encontrar em tão pouco tempo um prédio público municipal em condições de instalar os alunos, caso seja esse realmente o caminho. Felipe Kuhn Braun ressaltou a dificuldade em conversar sobre o tema com o Executivo Municipal e Nor Boeno sugeriu um possível convênio com a Comusa para viabilizar um novo local para a sede da universidade.

Enio Brizola sugeriu como possíveis locais capazes de abrigar a Uergs, o antigo prédio do IPE, na rua José de Alencar, e um prédio do governo do Estado, na rua David Canabarro. “Ambos carecem de investimento e adaptação para poder receber os alunos”, apontou  Brizola. O vereador lembrou, ainda, que a comunidade não foi ouvida pelo Consun para deliberar sobre a saída da universidade do Município. “Vamos mobilizar a cidade e a região na expectativa que o conselho reveja sua posição e trace uma nova estratégia para a Uergs em nossa região”, salientou.

O parlamentar defende que os cursos disponibilizados pela universidade já dialogam com as novas cadeias produtivas no Município e qualificam a mão de obra. Como sugestão, Enio Brizola reforça a necessidade de formações na área da saúde, no setor moveleiro e na preparação de agentes para o desenvolvimento econômico local. “Outras propostas seriam cursos em inovação tecnológica, com enfoque na Indústria 4.0”, ressaltou. 

Também estavam presentes na reunião a professora Cristiane Cassales Pibernat, coordenadora de laboratório, o chefe de Unidade, Wallace de Ávila Duarte, assessores parlamentares e profissionais de imprensa.

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Comissão especial

Previstas pelo Artigo 77 do Regimento Interno da Câmara, as comissões especiais do Legislativo hamburguense são constituídas para analisar matérias de relevância, podendo encaminhar a convocação de secretários municipais e diretores de autarquias, bem como promover audiência pública. Os grupos são compostos por, no mínimo, três membros, observando, sempre que possível, a proporcionalidade partidária. Com prazo determinado de encerramento, as comissões especiais são concluídas com a apresentação de relatório ou projetos de lei, resolução ou decreto legislativo.