Professora da rede estadual volta a questionar parcelamento e atraso de salários

por Luís Francisco Caselani última modificação 12/09/2017 00h53
11/09/2017 – A Câmara de Novo Hamburgo recebeu novamente na sessão desta segunda-feira, 11 de setembro, a professora da rede estadual de ensino Caroline da Cunha, que atualmente leciona na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ayrton Senna do Brasil. Caroline já havia comparecido à reunião da última quarta-feira, dia 6, quando expôs a deflagração do movimento grevista pela classe e defendeu que o Governo do Estado se escondia por trás do discurso de falta de dinheiro para não encontrar uma solução para a sequência de salários parcelados e atrasados.

Segundo Caroline, os recursos provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) já seriam suficientes para manter ao menos a folha de pagamento dos professores em dia.O dinheiro do Fundeb chega e não pode ser aplicado em outra coisa que não o pagamento dos professores ativos. Quando o Governo mostra que a maior parte vai para o pagamento de aposentadorias de professores, está errado. O Fundeb é só para o pagamento de ativos”, alegou. Caroline contou que, em 2016, foram direcionados ao Estado pouco mais de R$ 330 milhões mensais, o que já seria o suficiente para suprir a folha que fica na casa dos R$ 240 milhões. “Em São Leopoldo, por exemplo, o funcionalismo público está tendo seus salários parcelados, mas os professores, não, porque está sendo usado o dinheiro do Fundeb”, contextualizou.

A professora pediu o apoio da Câmara para a realização de audiência pública sobre a utilização dos recursos provenientes do Fundeb, ideia que foi abraçada pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (Coedu). “É um tema extremamente relevante, porque atinge diferentes esferas administrativas”, destacou Professor Issur Koch (PP), presidente da Coedu. Caroline reforçou que a greve foi a última instância encontrada pela classe lutar por seus direitos. O movimento grevista está crescendo. Há adesão cada vez maior de escolas, professores e, principalmente, da comunidade escolar. São pais e alunos que entendem a nossa situação e que estão aderindo ao movimento como apoiadores. É importante lembrar que, até o momento em que a greve foi deflagrada, mesmo com salários atrasados, continuamos dando aula”, completou.

O vereador Enio Brizola (PT) ressaltou a legitimidade do protesto. “Não se trata de uma greve por reposição e aumento salarial, haja vista que a categoria já não recebe atualização de suas remunerações há três anos. Eles estão reivindicando apenas o pagamento de seus salários”, salientou. O vereador Enfermeiro Vilmar (PDT), autor do requerimento verbal que permitiu o uso da tribuna por Caroline, salientou que os professores não querem a greve. Ela existe hoje por necessidade, porque os professores não estão conseguindo pagar suas contas. Se hoje existe essa greve é pela falta de interesse do Governo em resolver os problemas do funcionalismo público”, destacou. Raul Cassel (PMDB) corroborou o discurso de seus colegas e cobrou uma redefinição de prioridades ao Governo do Estado. “O que há de mais sagrado é o pagamento do salário, e o Governo não tem o direito de não pagar”, finalizou.