Comissão visita produtores rurais em Lomba Grande

por Daniele Silva última modificação 31/08/2017 17h37
31/08/2017 – A Comissão Especial em Defesa dos Produtores Rurais de Lomba Grande realizou uma série de visitas para verificar as condições de produção e comercialização de produtos oriundos do bairro rural da cidade. O grupo de trabalho esteve em algumas propriedades e também na feira do produtor realizada no Centro. Desde o início de agosto, a Câmara tem debatido sobre uma série de exigências impostas pelo Departamento de Vigilância Sanitária à atuação de produtores rurais durante as tradicionais feiras da cidade.

Nesta quinta, 31, os vereadores Gerson Peteffi (PMDB), Enio Brizola (PT) e Fernando Lourenço (SD) foram até o sítio da família Moehleck, na localidade de São João do Deserto. Lá acompanharam o trabalho do casal Leonardo e Lourdes, que produz hortaliças, aipim, além de caldo de cana e pastéis, produtos cuja comercialização foi proibida pela Vigilância Sanitária do Município. Leonardo contou que há cerca de um mês ele e a esposa esperam pela fiscalização. “Parte da nossa renda vem da venda desses alimentos. Se não pudermos vender, não vale a pena andar tantos quilômetros para ir até o Centro.”

Próximo dali, Maurício Haubert da Silva e familiares já higienizavam as verduras que serão expostas em duas feiras realizadas na área central. Na propriedade, há variedade de hortifruticultura, produzida sem nenhum tipo de agrotóxico. Silva explicou que a Prefeitura tem feito uma série de exigências com prazo curto para os produtores se adequarem. “Vedemos produtos diferenciados, que nós mesmos cultivamos. Só queremos encontrar uma solução que seja boa para todos.”

Para Círio Winck, que comercializa linguiça, chimia e hortaliças há 28 anos, a feira do produtor é o coração da cidade, um local onde as pessoas vão não só para comprar, mas para encontrar os amigos. “Todos saem felizes de lá. Por isso, queremos que a Prefeitura olhe com carinho a situação de cada um”, pontuou o agricultor.



Do campo para a mesa

Na terça, 29, Gerson Peteffi, Fernando Lourenço e Professor Issur Koch (PP) foram à feira localizada próximo à Catedral São Luiz Gonzaga, no Centro. O objetivo, além de conversar com produtores, foi ouvir a opinião dos consumidores. No local, os parlamentares puderam comprovar a qualidade dos alimentos oferecidos à comunidade hamburguense.

Cliente assídua, a professora Beatriz Santana disse que nunca soube que alguém tenha passado mal com produtos comprados ali. “É tudo fresco e de ótima qualidade”, ressaltou. A aposentada Gessi Oliveira contou que frequenta a feira há mais de 20 anos. “Adoro tudo que tem aqui.”

O vereador Peteffi lembrou o papel social da feira, que traz produtos da colônia para que mais pessoas tenham acesso. “Os alimentos são limpos e bem conservados. Creio que esse excesso de zelo prejudica o produtor.”

A feira engrandece o Centro”, afirmou Fernando Lourenço, que pede um pouco mais de flexibilidade para a Administração. “Temos que chegar a um acordo para que todos consigam solucionar possíveis problemas.”

Já Issur Koch acredita que é preciso investir mais na produção rural, uma vez que Lomba Grande é o maior bairro de Novo Hamburgo. “Vimos o quanto a comunidade prestigia esse tipo de serviço”, comentou.

A veterinária Cristine Becker, da diretoria de Desenvolvimento Rural, explicou como são feitas as vistorias em alguns produtos de origem animal. Para ela, a polêmica surgiu a partir da falta de informação de alguns poucos produtores. A Prefeitura deu 60 dias para aqueles que produzem alimentos mais perecíveis se inscreverem para receberem visita da Vigilância Sanitária. No caso dos salgados foi pedido que os feirantes usem estufas durante a feira. A fabricação de sucos no local foi suspensa até adequação conforme as normas legais. Já a comercialização de guarapa pode ser retomada após inspeção no local de fabricação. Aqueles que vendem aipim descascado também deverão ser fiscalizados. A venda, no entanto, continua permitida enquanto não há fiscalização. A venda de produtos de origem animal segue proibida até que o estabelecimento tenha inspeção sanitária.

Em relação aos ovos, Cristine explicou que é necessário que haja um local de triagem por meio da utilização do ovoscópio. “É uma máquina de baixo custo, que verifica se o ovo está em condições de consumo.”

Segundo a profissional, a legislação garante uma melhor qualidade para o consumidor. “É uma minoria que tem problemas. Assim que se adequarem, já poderão voltar a vender”, finalizou.

Debates na Câmara

No dia 2 de agosto, a Câmara aprovou a convocação da coordenadora do Departamento de Vigilância Sanitária do Município, Lisa Gaspar Ávila, para explicar a ação proposta pela Prefeitura em regularizar a situação dos feirantes. O requerimento foi de Gerson Peteffi e Fernando Lourenço. No dia 14, a coordenadora participou da sessão para prestar esclarecimento.

Fotos: Daniele Souza/CMNH